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Raquel Lima e Kwame Write apresentam “woman is power”

Woman is power é uma produção videográfica da poeta, académica e arte-educadora São Tomense  Raquel Lima e do arquiteto e artista Ganês Kwame Write.

Para os artistas, esta produção é uma homenagem às mulheres ancestrais, aquelas que estão, foram e estarão presentes em todo o universo, àquelas com e sem útero biológico, cujo trabalho de amor deu origem a revoluções e teceu a cultura de resistência, e àquelas que foram pioneiras da linguagem da civilização e comunidade de frente unida.

As questões de género, a mulher e o seu posicionamento social são urgentes na vida e poemas de Raquel Lima e grande parte do seu trabalho lírico reflete isso mesmo. Em conversa com a BANTUMEN, Raquel e Kwame explicaram-nos melhor a essência deste novo projeto.

Woman is power é sobre a total valorização da mulher. Durante o clipe ouvimos e assistimos a várias metáforas sobre a magnitude das mulheres. É numa delas, “a mente da mulher abre caminhos, abre rochas”, que a jornalista Heloísa Quiala (que conduziu a entrevista) se debruçou. “Metaforicamente falando, quis falar sobre como o coração da mulher é repartido na nossa civilização, em fortes estruturas da nossa civilização. De facto vi isso de onde venho, na minha sociedade, sei o que as mulheres passam para fazer da sociedade o que é”, respondeu Kwame.

Para a artista, apesar de a filosofia e a espiritualidade africanas terem por base o espírito comunitário, principalmente feminino, em vários aspetos sociais, sobretudo na educação e desenvolvimento das crianças, para a poeta não se trata de uma questão de géneros mas de forças da natureza. “Nós não estamos focados na questão de que se ela é uma mulher ou não, estamos focados no tipo de energia que é transmitida, que é trazida por ela (a força da natureza), que vem com sensibilidade, espiritualidade, fertilidade e beleza”, disse.

Falar sobre questões de género é complexo, pelos diferentes debates adjacentes e que vão além da biologia. “A ideia de que o género é uma construção colonial, e que a diversidade das pessoas, no que diz respeito ao seu papel nas sociedades, é mais complexa do que o binarismo imposto homem-mulher ou masculino-feminino. Tentámos ter o cuidado (na descrição do vídeo, nos elementos que o atravessam e nas nossas reflexões sobre o assunto) de dissociar-nos de uma ideia biologizante de mulher. O “útero” surge como um lugar mítico, de retorno, cura e auto-reconhecimento, e “woman” é um arquétipo de energia transformadora, fértil, sensível, espiritual, guerreira e intuitiva, tal como Oxum e Obá, na cultura iorubá”, reforça Raquel.

Para Kwame, que cresceu num meio rodeado de mulheres, é inevitável para ele a mulher ser o epicentro da humanidade, o pilar do lar e sem quem não haveria vida: “Eu cresci num seio monoparental e sou o único rapaz, o mais novo. Eu só tenho irmãs do lado da minha mãe, então não tive uma referência masculina ao crescer. Eram apenas mulheres, mulheres que me ensinavam como era o mundo. (…) A nação [ganesa] foi construída do suor das mulheres, 95% do mercado [de trabalho] é constituído por mulheres que estão a gerar dinheiro para a nação“, afirma.

Esta produção foi realizada em apenas três dias. Segundo os artistas, tudo começou de forma espontânea durante uma visita de Raquel ao Gana para uma conferência sobre escravatura e literatura. “Penso que foi no primeiro dia, depois de ele me ter vindo buscar ao aeroporto, eu estava a cantar uma música e mostrei-lhe. Era apenas o refrão woman is power, algo muito simples”, conta Raquel Lima.

Kwame Write acabou por transformar a frase numa produção videográfica, tudo com recurso apenas ao seu iPhone 11.

Women is power é, sobretudo, fruto de um encontro cósmico entre dois artistas que decidiram criar uma fusão, entre dois pontos de África, desafiando a temporalidade, espiritualidade e espontaneidade da vida.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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