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Renata Torres estreia-se como realizadora em “Parto Rosa”

Parto Rosa - O Filme | Foto: Geração 80
Foto: Geração 80

Parto Rosa saiu dos palcos e entrou para os ecrãs. Depois de cinco anos de apresentação, o monólogo teatral da encenadora, produtora, artista e agora realizadora Renata Torres acaba de ser adaptado para o cinema.

O mês de março foi especial para o Cine Geração e, em particular, para Renata Torres, uma mulher de mil ofícios. Escolhida para fazer a curadoria daquele espaço luandense durante o Mês da Mulher, Renata teve como missão selecionar filmes protagonizados, realizados, dirigidos e relacionados a mulheres, e agora é ela também uma realizadora no mundo do cinema, estreando-se com Parto Rosa, que reflete diferentes problemas comportamentais de um casal e da própria sociedade.

Além de liderar a realização, Renata desempenhou também o papel de Rosa, personagem principal. Luís, interpretado por Bruno Bastos, é o seu parceiro amoroso e com quem vive momentos de sonho, numa primeira fase. Depois, o “mar de rosas” dá lugar a diversos abusos, psicológicos e não só, levando a que a toxicidade masculina e societal mine de forma permanente a saúde da relação.

No elenco, além da própria Renata e Bruno Bastos, estão Bruna Sousa, Lourdes Cardoso, o humorista Tiago Costa, Kennedy Luís, Mac Gonnel, Luísa Miranda e Amélia Escórcio.

A BANTUMEN fez-se presente no dia de estreia do filme, no espaço Cine Geração, na sede da Geração 80. Na apresentação, Renata indicou que a produção de Parto Rosa foi um projeto “muito desafiante”, sobretudo porque é uma película que faz algum malabarismo para “transitar entre momentos e épocas”.

“Quando pensei no Parto Rosa foi para mostrar que não estou satisfeita como a sociedade me rotula. Como é que posso trazer isso para um palco? Qual é a coisa principal que a sociedade me cobra como mulher? A sociedade exige que a qualquer custo eu tenha um marido, filhos e só assim receberei o selo de validação enquanto ser humano do sexo feminino” questionou retoricamente a realizadora, como exercício mental fundamental para a construção da narrativa da película.

“Sim. Definitiva sou uma mulher e por isso me definem. Todos dizem-me como comportar-me, como [devo] vestir-me, o que comer, como andar, o que beber, como dançar… todos parecem saber como devo ser”, indagou.

Uma outra problemática que também está refletida no filme é a disfuncionalidade parental. “Parece que as pessoas às vezes se fazem muito de desentendidas. Às vezes, um pai que posta nas redes sociais o quanto ama os filhos e fala que ‘amar é cuidar’, mas não consegue trocar uma fralda, não consegue pôr a criança no colo para ela parar de chorar porque acha que isso é função e obrigação da mãe. Isso é o que de mais temos aqui [em Angola]. São pais de fachada, então o meu objetivo é só esse. É coloca-los à frente de um ‘espelho’, para que ganhem vergonha na cara”, respondeu.

Como atriz, “nunca fiz um personagem tão liso em termos de movimentos e de expressões, porque foi baseado numa pessoa, a minha mãe. A construção do meu personagem foi baseado na personalidade dela. Ela era uma pessoa muito ‘do olho’. Tinha fama de ser alguém que não gritava, não fala alto, sempre dócil e assertiva nas palavras, mas ela falava com o olhar. O olhar é que ‘fuzilava'”, sublinhou.

Bruno Bastos, que encarnou o parceiro de Rosa, disse que entende a luta de Renata e Hélder no processo de criação do próprio filme e quanto ao seu personagem, identificou-se com algumas das suas facetas. “Um bocadinho ou um ‘bocadão’ é sempre algo. A meu ver, nós homens temos um bocadinho de Luís em nós e para mim foi muito pesado absorver o Luís. O desafio foi aceite mesmo sem saber do que se trata, porque entendo a luta do Hélder e da Renata e foi um prazer fazer parte do filme”, disse Bruno.

Por seu lado, o diretor de fotografia, Hélder Filipe, disse que teve o prazer de ser o primeiro a ver o trabalho enquanto ainda era apenas um monólogo teatral, sendo que foi responsável pelo processo embrionário da obra na altura que foi apresentada como peça de teatro. “Sinto-me aliviado por termos estreado o filme. Trabalho com a Renata há mais de sete anos e o Parto Rosa foi o projeto mais duro que já tive. Foi duro por causa das emoções. Filmámos em três dias, eu e a Renata trabalhámos diariamente e estamos constantemente em desacordo de ideias, e esse foi o maior problema no Parto Rosa“, explicou Hélder Filipe.

O filme ainda não tem data para estrear-se nos grandes ecrãs mas a equipa garante estar-se a preparar para lá chegar.

Para já, Renata Torres adiantou que o filme estará disponível na plataforma online Tchill +, em data ainda a anunciar.

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