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A estética das lutas de Libertação em exposição

© Augusta Conchiglia, La Guerre du peuple en Angola, 1969
© Augusta Conchiglia, La Guerre du peuple en Angola, 1969

As Galerias Municipais de Lisboa, no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, acolhem a exposição Resistência Visual Generalizada, a partir do dia 28 de setembro. A mostra, que reúne um conjunto inédito de livros, fotografias e documentos produzidos entre as décadas de 1960 e 1980, desenha uma constelação espacial e temporal da estética de Libertação dos PALOP.

Além de um vasto conjunto de livros, revistas, cartazes e documentos, a mostra Resistência Visual Generalizada inclui obras fotográficas e cinematográficas das décadas de 60 e 70 de Augusta Conchiglia, Moira Forjaz, Silvestre Pestana e da cooperativa Grupo Zero. Integra também peças recentes de Daniel Barroca, Welket Bungué, Filipa César e Sónia Vaz Borges que interrogam a história e a memória, reelaboram as formas visuais da estética de Libertação e examinam a persistência de estruturas coloniais no presente.

Nesta conjuntura histórica, a descolonização política é considerada como indissociável da descolonização da cultura e das formas visuais. A cultura e a arte são entendidas como um campo produtor de efeitos de transformação na sociedade. As Revoluções africanas são um período de libertação da palavra, da imagem e das formas de representação. Para Amílcar Cabral, líder do PAIGC, a luta de libertação é, em si mesma, um “facto cultural” e um “factor de cultura”. A resistência política é uma forma de resistência cultural, do mesmo modo que a resistência cultural é uma forma de resistência política.

No contexto da cultura de libertação transnacional e de solidariedade internacionalista das décadas de sessenta e setenta, as lutas de libertação despertam o interesse de fotógrafos e cineastas. A revista, o livro, a fotografia e o cinema são percebidos como instrumentos fundamentais para mobilizar o apoio popular e difundir a luta pela descolonização a nível internacional. Fotógrafos como Augusta Conchiglia e Tadahiro Ogawa, entre outros, documentam a luta armada e a vida nas zonas libertadas, onde se experimentavam diferentes formas de organização social e se implementavam projectos de pedagogia radical. Entretanto, jovens portugueses desertores e refractários recusam-se a participar na guerra e exilam-se em França e noutros países.

Depois das independências, outros livros de fotografia documentam o processo de construção dos Estados-nação. Entre o militantismo e a experimentação formal, estes livros restituem a dimensão sensível dos primeiros anos de independência, período marcado pela adopção de modelos políticos marxistas-leninistas e pela busca de uma imagem descolonizada.

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