O Congo é a geografia do cenário em que Ruínas acontece. O texto, de Lynn Notage, conta-nos algumas histórias de quatro mulheres que fugiram da guerra e estão “debaixo das saias” de Mama Nadi. Trabalham no seu bar-bordel, na fronteira do país vizinho de Angola, talvez por essa razão seja fácil identificarmos (nós, angolanos) alguns vocábulos e expressões que se ouvem ao longo da peça.
Mama Nadi, a própria mamoite, negoceia comida, tabaco, perfumes, bebidas e sexo com Chistian, um caixeiro-viajante que também é seu panco.
Uma guerra que devastou o Congo serviu de fertilizante para a semente teatral que nasceu e floriu num Prémio Pulitzer, em 2009.
Esta peça também é música de qualidade. O multíssono das vozes faz procurar os intérpretes no meio de tantos artistas que partilham o mesmo palco.
A tragédia e as memórias da guerra quase que se equilibram com a mensagem de esperança que as letras das canções trazem consigo. Sophie, Salima, Josephine e Mama Nadi são as personagens criadas por Lynn depois de a autora ouvir, em entrevista, a história de seis mulheres congolesas num campo de refugiados no Uganda.
Ruínas é a força da mulher africana e as suas memórias das guerras com um toque de encanto musical.
Podes ver esta peça de teatro até dia 17, no Teatro do Bairro, em Lisboa, de terça a sábado às 21h e domingo às 17h30.
Maria Mussolovela
Levo para a vida o nada que sei sobre ela. Gosto de cadernos, de mandioca e do Mugabe.