A pedido do Congo Democrático e da República do Congo, a Rumba Congolesa acabou de integrar a lista da UNESCO como Património Imaterial da Humanidade. A aprovação do pedido despertou uma onda de comoção e entusiasmo na classe artística e nas duas repúblicas congolesas.
A agência das Nações Unidas para Cultura, Educação e Ciência, UNESCO acaba de incluir o estilo musical à lista de património imaterial da humanidade depois de 80 anos da sua criação e de ter ganhado popularidade em todo o continente africano nos anos ’60 e ’70.
As nomeações foram decididas no comité intergovernamental da UNESCO, dedicado à proteção do património e que está a realizar-se online de 13 a 18 de dezembro.
Félix Tshisekedi, Presidente da República Democrática do Congo, recebeu a notícia com felicidade e a população de ambos os estados festejaram o alcance de um estilo musical e de dança que contribuíram fortemente para história cultural e artística do continente africano.
Segundo Catherine Furaha, ministra da Cultura da RDC, “a rumba é de certeza um estilo que faz parte da identidade congolesa”.
Rumba Congolesa é um estilo da Nação Congo [Reino do Congo] e é derivado do son cubano ou simplesmente, Rumba, que nasceu na bacia do Congo nos anos ’40. O estilo é chamado também como Rumba Lingala pelo facto de o idioma ser o predominante.
Com uma base que relembra a música e, o conquistar o povo africano nos anos 60 e 70, a Rumba do Congo não parou de crescer e acabou por se disseminar pelo resto do mundo.
Franco, instrumentista congolês que faleceu em 1989 com 51 anos, foi um guitarrista que, até aos dias de hoje, é considerado como um dos principais propulsores do estilo, influenciando uma geração de músicos como Awilo Longomba, Fally Ipupa, Koffi Olomide. Um dos grandes nomes do estilo é ainda Papa Wemba, falecido em 2016.
As origens da Rumba foram identificadas no antigo Reino do Congo, território que hoje em dia ocupa parte de Angola, Gabão, Congo e Congo Democrático. Na altura, as populações dançavam nkumba [que significa umbigo em lingala], representando o movimento onde um casal dançava “umbigo contra umbigo”.
A Rumba do Congo no seu processo de estruturação também teve uma forte presença angolana, tudo porque nomes como Oliveira e Simarro Masiya, ambos de raízes angolanas, também contribuíram para a sua vertente contemporânea.
Nas últimas décadas, Bonga, Ricardo Lemvo, Sam Mangwana, entre outros, usaram esta vertente congolesa para criar as suas respetivas identidades sonoras, adicionando a dikanza (instrumento musical de fricção), línguas nacionais e também elementos da língua portuguesa.