Quem não se lembra da visão raio X de Super Homem? Os avanços tecnológicos e o progresso científico guiam a humanidade a uma era diferente e embora não venhamos a ter – pelo menos, para já – o super poder característico do super-herói de banda desenhada, para lá estamos a caminhar, com o apoio de alguns dispopsitivos. Um deles são os óculos criados pelo professor nigeriano de radiologia e engenharia biomédica Samuel Achilefu.
Achilefu criou os Goggles, uns óculos que criam uma realidade aumentada, que permite que os cirurgiões consigam ver células cancerígenas e ajude e oriente o médico em tempo real durante a cirurgia.
O médico é também professor de medicina na Universidade de Washington, membro de pesquisa no Alvin J. Siteman Cancer Center, da Sociedade Americana de Química, da Sociedade de Óptica e membro do conselho de administração da Universidade Loma, Linda, EUA. Achilefu faz ainda parte do conselho consultivo científico do programa de imagem molecular intramural da NCI (National Cancer Institute).
Os Goggles foram concebidos com base no princípio da imagem óptica. A própria imagem óptica permite a visualização em tempo real do contraste intrínseco e exógeno nos tecidos biológicos do paciente. Permitindo a distinção entre as células malignas e as células saudáveis, o que ajuda a garantir que nenhuma célula tumoral perdida seja deixada para trás durante a cirurgia para remover uma substância cancerígena ou tumor.
A tecnologia usada pelos óculos é personalizada, tem um monitor montado na parte direita e outro monitor molecular direcionado que se liga às células cancerígenas, dando-lhes um “brilho” quando vistos através da tecnologia utilizada pelos óculos. Esse avanço tecnológico reduz a necessidade de procedimentos cirúrgicos, tempo e custos adicionais.
Ryan Fields foi um dos cirurgiões envolvidos num estudo piloto do Goggles, que foi um sucesso. “A tecnologia é incrível é quase como ter um microscópio para guiar a tua cirurgia na sala de cirurgia”, afirmou.
Existe um desafio grande que os cirurgiões têm de ultrapassar durante as cirurgias. É necessário remover o excesso de tecido à volta do tumor e remover todos os tecidos cancerígenos para chegar ao tumor maligno, é um processo repetido que leva à várias cirurgias para a remoção de todos os tumores cancerígenos perdidos ou deixados na cirurgia anterior.
Com a tecnologia da Achilefu, os cirurgiões conseguem ver os tecidos exatos para remover durante a operação. Ao realizar a cirurgia, um corante peptídico – biomoléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos – é injetado para que se ligue as células cancerígenas. O corante possui uma formula fluorescente que o faz brilhar, não sendo visivel ao olho humano e, por isso, os óculos para a identificação do cancro, é importante.
Os óculos têm nele um sensor que, de acordo com Achilefu, “captura a fluorescência do corante alojado no tecido do cancro e projeta a imagem no campo de visão do cirurgião”.
O trabalho de Samuel é dedicado ao seu falecido pai que fazia questão de dizer que “quando a riqueza é perdida, nada é perdido. Mas quando um nome se perde, tudo se perde”. O que para Achilefu significa que “as pessoas devem estar acima de qualquer censura, que um bom nome supera a riqueza adquirida sem dinheiro. E estabelece um padrão moral que devemos seguir na vida.”
A equipa liderada pelo Dr. ganhou o prémio St. Louis no centro de educação de Newman, a 23 de junho de 2015.
A tecnologia criada pelo Dr. Samuel Achilefu já foi usada com sucesso em 27 cirurgias por vários médicos – cirurgiões, desde cancro da mama, cancro do fígado e cancro da pele. “Espero que o dispositivo se torne numa maneira mais barata e mais fácil para os médicos “verem” tumores à volta do mundo. Como os óculos também projetam a visão do cirurgião no ecrã do computador, eles podem ser adaptados como uma ferramenta de ensino” concluiu.