Em hebraico, Shalom significa paz, integridade, prosperidade, bem-estar e tranquilidade, mas no mundo da música urbana, Shalom Beatz é sinónimo de desarranjo, no bom sentido, claro. O produtor, beatmaker e compositor de origem moçambicana está a desarrumar as cadências sonoras de estilos tão diferentes quanto o trap, kizomba, ghetto zouk ou tarraxinha.
A aventura deste moçambicano em Angola começou quando os pais, pastores, mudaram-se para o país da Palanca Negra Gigante em missão, em 2012. A música entra na sua vida quando, numa festa de família, um primo mostrou-lhe um aplicativo de smartphone de produção de instrumentais. “O primeiro dia que eu produzi o meu primeiro instrumental foi num telefone. E foi [um beat] de trap. Lembro bem desse dia. Estava numa banca, numa festa de família, e o meu primo ensinou-me a produzir no aplicativo. Fiz algo bonito, então instalei no telemóvel e fui praticando”, disse Shalom Beatz.
Numa entrevista gravada ainda em 2022 – nos estúdios da Inspirasom e com apoio de Mill Beats na iluminação – Shalom Albano, o seu nome de registo, contou-nos alguns detalhes sobre a sua evolução enquanto produtor. Na extensa lista de sucessos, o artista já produziu e criou para nomes como Black Spygo, Biura, Safranny, Júnior Lisboa, Edgar Domingos, Kilory Tenente, Soarito, NGA, Kota Manda, Eudreezy e muitos outros.
Se numa primeira fase, a timidez e a religião levaram-no a preferir ficar no anonimato, o sucesso da arte que cria levou-o a querer elevar o seu nome dentro da cena musical PALOP. “A princípio foi por opção. Por um lado foi por causa da religião e decidi ‘vão as minhas produções e eu fico aqui na minha vida a receber os pagamentos’. Daí chega uma fase em que tudo tem de passar para um outro nível, esse momento é agora”, esclareceu.
Em 2018, decidiu assumir-se a 100% como um profissional e viver da sua arte de produzir músicas. Entretanto, o produtor moçambicano é colecionador de uma série de sucessos que marcaram o nascimento de uma nova era musical em Angola e na lusofonia.
Em 2020, Shalom foi um dos protagonistas do nascimento do sucesso musical de Soarito, uma das vozes mais sonantes do ghetto zouk, kizomba e tarraxinha, em Angola. Um dos maiores hits é “Canastrar”, música que proporcionou o estrelato do cantor.
O produtor faz ainda parte de projetos como “Versos & Poesias“, sendo responsável pela produção de todos os instrumentais ao lado de Black Spygo.
Porque os produtores e beatmakers são parte do processo e do sucesso da arte de fazer música – apesar de a popularidade dos cantores ser, por norma, maior – na BANTUMEN queremos contar-te novas histórias e novos nomes desse lado da criação.
Descobre mais sobre Shalom Beats na entrevista vídeo disponível no player abaixo.
Bruno Dinis
Carrego a cultura kimbundu nas minhas veias. Angolanidade está presente a cada palavra proferida por mim. Sou apologista de que a conversa pode mudar o mundo pois a guerra surgiu também de uma. O conhecimento gera libertação e libertação gera paz mental, por tanto, não seja recluso da ignorância.