O coletivo Teatro Griot sobem esta sexta-feira, 1 de outubro, ao palco da Academia Almadense (arredores de Lisboa), para apresentar “Trópicos Mecânicos (Mueda)”, uma mise en scène conjunta com o realizador brasileiro Filipe Bragança e Catarina Wallenstein. A peça vai estar em cena até ao dia 3 de outubro.
Ficção científica, fábula e documentação misturam-se nesta performance visual e teatral em torno das memórias do Massacre de Mueda, ocorrido em Moçambique, em 1960. Projeto transmedia, com inspirações no afro-futurismo e no tropicalismo brasileiro, o espetáculo é também uma homenagem ao cineasta moçambicano Ruy Guerra, que completa 90 anos em 2021, autor de três filmes realizados naquele território africano: “Mueda, Memória e Massacre” (1979-80), “Os Comprometidos – Atas de um Processo de Descolonização” (1982-84) e o registo, sem título, de uma reunião entre Samora Machel e antigos chefes militares da Guerra de Libertação (1964-74).
O Massacre de Mueda aconteceu a 16 de junho de 1960, na vila de Mueda, em Cabo Delgado, e foi um dos últimos episódios da resistência dos moçambicanos à dominação colonial portuguesa, antes do desencadear da luta armada de libertação nacional. Dados do governo moçambicano apontam que, pelo menos 600 pessoas – que reivindicavam pacificamente o fim da subjugação colonial – foram assassinadas a tiro pelo exército português.
Matamba Joaquim, Zia Soares, Gio Lourenço, Catarina Wallenstein e Daniel Martinho são os atores que vão levar a performance ao palco.