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“Tenho sangue nas mãos”, diz ex-funcionária do Facebook

Facebook

”Tenho sangue nas mãos”. A frase polémica que está a girar o mundo é da autoria da cientista de dados Sophie Zhang, ex-funcionária do Facebook, escrita num memorando interno da empresa e que foi agora revelado ao público pelo site BuzzFeed.

No memorando constam denúncias graves sobre a responsabilidade da rede em campanhas de manipulação, principalmente, em vésperas de eleições no mundo.

No documento, Sophie Zhang deu exemplos de chefes de governo e partidos políticos que fizeram uso de contas falsas e que se apresentaram de maneira incorreta para influenciar a opinião pública e que a empresa de Mark Zuckerberg nada fez na altura para travar o problema.

Nas cerca de 6.600 palavras dirigidas aos colegas de trabalho, a cientista afirma que, sem supervisão, tomou decisões que afetaram eleições e atos políticos à volta do globo. Pelo menos 10,5 milhões de falsas reações e falsos seguidores foram removidos de perfis de políticos de destaque no Brasil e nos Estados Unidos nas eleições de 2018 (respectivamente, presidencial e legislativa).

“Nos três anos que passei no Facebook, encontrei várias tentativas flagrantes de governos estrangeiros de abusar da nossa plataforma em grande escala para enganar os seus próprios cidadãos”, escreveu Zhang, que recusou falar com o BuzzFeed News. No perfil de LinkedIn, Zhang escreve que “trabalhou como cientista de dados para a equipa de engajamento falso do Facebook Site Integrity” e lidou com “bots influenciando eleições e similares”.

Mark Zuckerberg já tinha anteriormente confirmado que a sua empresa demorou a entender a manipulação política do Facebook e que já está em curso um processo para impedir contas fraudulentas e comportamentos não autênticos. “Construímos equipes especializadas, trabalhando com os principais especialistas, para impedir que malfeitores abusem de nossos sistemas, resultando na remoção de mais de 100 redes por comportamento coordenado não autêntico.”

Por sua vez, a ex-funcionária alega ainda que “o Facebook projeta uma imagem de força e competência para o mundo exterior, mas a realidade é que muitas das nossas ações são acidentes imprudentes e descuidados.”

O Facebook, diz Zhang, demorou nove meses para agir com base em informações de que robôs (bots) estavam a ser usados para impulsionar a popularidade do presidente de Honduras, Juan Orlando Hernandez.

No Azerbaijão, o partido do governo usou milhares de robôs para perseguir a oposição.

Zhang afirma ainda que descobriu e removeu 672 mil contas falsas que atuavam contra ministros da Saúde em todo o mundo durante a pandemia.

Contas falsas foram também descobertas na Bolívia e no Equador, mas o problema não foi priorizado pelo Facebook devido à carga de trabalho, segundo a ex-funcionária.

Na Índia, Zhang revelou que trabalhou para excluir uma sofisticada rede com mais de mil usuários que trabalhavam para influenciar uma eleição local em Nova Déli.

Segundo o Buzzfeed, que disse ter partilhado apenas partes do memorando que eram de interesse público, Zhang rejeitou uma indemnização de 64 mil dólares, sob a condição de não tornar público o documento.

Carole Cadwalladr, a jornalista do Reino Unido que expôs o escândalo envolvendo o uso de dados do Facebook pela consultoria Cambridge Analytica, também comentou. “A velocidade e a escala dos danos que o Facebook está causando às democracias em todo o mundo são verdadeiramente aterrorizantes.”

O memorando também levanta grandes preocupações sobre a enorme responsabilidade concedida aos moderadores do Facebook, cujas decisões podem afetar eventos democráticos, resultados políticos e a vida das pessoas em todo o mundo.

As revelações de Sophie Zhang vieram à tona apenas uma semana depois que o ex-engenheiro do Facebook Ashok Chandwaney acusou a empresa de lucrar com a disseminação de ódio.

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