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Timor YSF está longe dos problemas e focado no que há de positivo

Timor YSF

Na certidão de nascimento é Bruno Lopes, mas desde pequeno que o chamam de Timor, devido ao seu tom de pele e o cabelo encaracolado. Isto, por volta de 2002, altura em que se assinalou o Dia da Restauração da Independência de Timor Leste.

Nesse mesmo ano, em Portugal e em vários outros países, organizaram-se campanhas para arrecadar donativos e livros para se enviarem para aquele país que acaba de atravessar um dura crise política, militar e social. O mundo prestou mais atenção ao que ali se passava. Com o progressivo desarmamento das milícias, Xanana Gusmão retornou ao país, assim como outros Timorenses no exílio. E foi daí que surgiu a alcunha do agora rapper, por ser parecido com um cidadão timorense.

A música veio ao seu encontro cedo, muito por influência dos primos mais velhos. Quando “parava na rua com eles, ouvia-se muito 2Pac, Biggie, isso em ’99 ou 2000” e, aquele som, despertou o seu interesse. O Boom Bap. A curiosidade não ficou por aí, sentiu-se tentado em saber e conhecer mais sobre o género, viu documentários de Hip Hop, conheceu mais artistas e começou também a ouvi-los. Em 2004 teve o seu primeiro grupo de música, onde experienciaram todos o que é cantar sobre um instrumental, no Pentium 4 -processador do computador – de um amigo, onde chegaram a gravar duas músicas. Uma ficou conhecida na zona onde moravam na altura, na Horta Nova/Bairro Padre Cruz, em Lisboa.

Para além de cantar, Timor chegou a dançar Hip Hop, na escola da Pontinha. Não escrevia o que queria cantar, decorava as letras de outros rappers da “Tuga” , como Boss AC, Nigga Poison, Sebeyks e Chullage. O rap crioulo foi importante durante o seu crescimento mas uma das suas maiores inspirações foi e continua a ser Tupac Amaru Shakur, mais conhecido por 2Pac. “Era fã da sua música, mas não só. Era fã do percurso de vida dele, era um artista (…) a caminhada dele sempre me motivou”, explicou-nos.

Timor faz questão de cantar apenas o que lhe vai na alma, a crueldade e realidade das coisas que sente, vê e experiência. Para que quem ouça, saiba e sinta que o que está a cantar é baseado na sua história e não de outrem. “O que eu canto é o que faço, o que fiz, o que vivo ou vivi. Tento passar isso para a música, para que possam ver também que a minha vida nunca foi só fixe”. Para o rapper, é imperativo cantar a sua verdade, com um bom conteúdo, com uma boa mensagem. “Porque de negatividade ja vivi muito, então agora tento ser mais positivo e cantar sobre esse estado de espirito e positividade”.

Com 30 anos, Timor tem agora uma visão completamente diferente da sua vida e é isso mesmo que escreve. Apenas decorava ou fazia freestyle, mas, quando se tem muito para dizer e a cabeça em constante produtividade, sentiu a necessidade de começar a escrever o que lhe ia na alma. Já canta há mais de 7 anos e com as suas vivências quer mudar alguma coisa, nem que seja através da sua música. “Cada som meu, relata um momento, um tema, um sentimento. Tento pegar em tudo o que absorvi de bom e de mau e tento passar [cá fora]. Mas não para influenciar mas sim para quem consiga fazer algo diferente.”

Hoje em dia está mais focado nos seus objetivos e o que quer e pode fazer musicalmente. Faz música por gosto apesar de se ter tornado profissional. O que o continua a mover é a paixão de cantar. E se pudesse dizer algo ao Bruno Lopes há cinco anos, dir-lhe-ia que ele não sabia o que queria. “Podia estar bem, mas cantava exatamente o contrário do que sentia na altura, não sabia o que queria, hoje em dia não sou assim, estou focado apenas no que quero”.

A mãe é quem mais o apoia, mesmo que, no inicio, não gostasse que ela ouvisse as suas músicas. Naquela altura, talvez por consequência do que cantava e da fama de quem se “infiltrava” nos meandros do hip hop, não o apoiava. Foi com o crescimento constante da sua carreira que começaram a falar mais sobre a música e do que cantava. “A fama que tenho é devido às músicas cruéis que fazia. Era música boa mas que ao mesmo tempo não estava preparado para as cenas que ia dizer. Ela agora tem orgulho em mim, eu era a ovelha negra da família”.

Timor tem trabalhado para que tudo vá ao encontro do que deseja. O exemplo disso são os últimos três singles que lançou, “Fala a Verdade” com Piruka, “Mudo de Vida” com ProfJam e “Roda Slide” que conta com mais de um milhão de visualizações no YouTube. O último é a mensagem que está mais presente na sua vida, a de “rodar os problemas e fazer slide nas coisas positivas. Os três singles fazem a antevisão do seu EP Xinti Só, ainda sem data de lançamento.

Vê abaixo a entrevista vídeo completa ao Timor Young Smoke.

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