YURI N95 abriu o palco FreeNow com “Grande moca”, que nos remete para os primeiros sons lançados ainda em 2019, e a mostrar que faz parte do catálogo da Bridgetown. Depois de mais uns quantos temas, ouviu-se “Prazer Culinário”, a pedido de um fã que estava na plateia e que acabou por subir ao palco para cantar o single com o artista.
De seguida, no mesmo palco entrou Papillon. Já lá estava um baterista, um guitarrista que também tocava baixo: os três encheram o espaço como se de um concerto de dez pessoas se tratasse.
Começou por cantar temas do álbum Deepak Looper, lançado em 2018. Seguiu-se “Nunca Pares” (o tema gravado por Slow J e Stereossauro – que conta com Papillon e Plutónio) e “Iminente”.
Rui Pereira, nome de registo do rapper, não só cantou, como fez a festa toda enquanto dançava “Coisa Leve” e ainda lançou um “deixa juntar a minha família”, verso do tema “Fam”, do álbum “You Are Forgiven, de Slow J. Em “Camadas” toda a gente cantava como se precisasse de sacudir todas as camadas que tinham no corpo. E claro, Papillon não podia terminar o concerto sem “Fala bonito”, um dos temas mais apreciados do público em geral.
Tínhamos cerca de uma hora e meia até ao próximo concerto. Em equipa, fomos dar uma volta ao recinto e perceber qual a opinião dos festivaleiros sobre o evento. “Gostei e tenho gostado. Vim para me divertir, mas as filas para entrar são enormes, para comer e ir à casa de banho também. A organização não é das melhores este ano e eu tenho vindo sempre em todas as edições. Mas lá está, vim para me divertir”, explicou Filipa.
Entre comes, bebes e conversas, já se começavam a ouvir os primeiros acordes na guitarra vindos do palco secundário. Era o “líder” Gil Semedo que estava prestes a entrar.
“Ka tem nem um nem dois, ki ta podi ku nôs. Nu ta fla mas di mil bez, ma nós é kê nós” [não tem nem um nem dois que possa connosco. Podemos dizer mais de mil vezes, nós somos nós, na tradução literal do crioulo de Cabo Verde], foi o verso que faz parte do tema “Nós é ke nós” que Gil cantou para dar início ao concerto. O hit “Rabola bo Carambola” e o novo “Gostu Sabi”, com Calema, Soraia Ramos e Mito Kaskas também fizeram parte doa linhamento. Seguiu-se “Suzy” e depois, “Si Bu Dan” e “Nha Namorada”, temas que fazem parte do seu longo repertório de 30 anos de estrada. “Estou agora a começar a tour dos 30 anos de carreira, é uma honra ouvir as pessoas a cantar a minha música após estes anos todos e dançar também”, confessou-nos em privado.
Apetrechada com uma roupa laranja visível ao longe, entrou Nenny em palco com a energia que habitual. “21” foi tema a dar o pontapé de saída. Algumas horas antes a circular por Cabo Verde, motivo pelo qual todos achavam que não iria chegar a tempo de atuar n’O Sol da Caparica, Nenny mostrou a “Lion” que é, chegou e fez acontecer. A interação com o público esteve sempre presente, do início ao fim da sua apresentação.
Cantou “On You” e em “Bússola” pôs todos a dançar e a balançar as mãos no ar como se não tivessem destino e seguissem a onda dos quatro ventos.
Foi a vez de Carlão entrar em cena, no palco principal. Começou com um jocoso: “é sempre bom estar neste palco, na margem certa”, referindo-se à irrisória rivalidade entre aqueles que vivem em Lisboa e os residentes da margem Sul do rio Tejo. Os temas que foi cantado eram curtos mas com muita energia, o que deixou o público satisfeito. “Contigo”, “Os Tais”, “Topo do Mundo” e “1986” foram algumas das canções escolhidas e, para todas elas, Carlão acrescentava um comentário ou uma explicação.
Durante “A Noite”, Carlão cumprimentou Marisa Liz, que estava no meio dos fotógrafos e jornalistas, no fosso, a ver o concerto. A artista foi a correr ao backstage e ainda entrou em palco a tempo de assistirmos todos a um inesperado e emotivo momento. Depois de cantar “Bandida”, o rapper pediu a todos para que tirassem o pé do chão com “Assobia para o lado”.
Fomos a correr para o palco FreeNow para vermos Djeff. Chegámos com uns minutos de atraso e a festa já tinha começado. A multidão era imensa, enchia todo o recinto onde estava situado o palco, que acabou por se tornar pequeno para tanta gente.
O público estava ao rubro e vibrava a cada batida, os gritos quase que se faziam ouvir mais alto que o próprio set do DJ.
Djeff é uma das maiores referências com sangue angolano da música electrónica e detentor de uma concorrida agenda, no passado 23 de julho o DJ fez parte do cartaz do Tomorrowland, um dos mais importantes festivais de música eletrónica.
Em cinco dias passaram pelo festival O Sol da Caparica cerca de 150 mil pessoas, para ver uma verdadeira maratona de artistas de quase toda a Lusofonia – embora a imprensa mainstream e as redes sociais oficiais pouco espelhem visualmente essa diversidade.
Wilds Gomes
Sou um tipo fora do vulgar, tal e qual o meu nome. Vivo num caos organizado entre o Ethos, Pathos e Logos – coisas que aprendi no curso de Comunicação e Jornalismo.
Do Calulu de São Tomé a Cachupa de Cabo-Verde, tenho as raízes lusófonas bem vincadas. Sou tudo e um pouco, e de tudo escrevo, afinal tudo é possível quando se escreve.