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“Um italiano em Angola”, o filme entre o preconceito e a ignorância

Ettore Scola é um realizador italiano que, no decorrer do marcadamente histórico século XX, decidiu rodar um filme em Angola, entendendo o nosso país como o ideal para retratar uma comédia com cenários e animais providos de exotismo e extravagância. Integraram o filme também nativos angolanos, conta-nos esta quinta-feira o site Rede Angola (RA).
Estamos a falar do ano de 1968, em que Angola protagonizava uma pré-história cinematográfica. Apesar de grande parte dos condimentos do filme serem angolanos, não há qualquer menção ao nosso país no título do mesmo.
“É uma África qualquer, tanto que Angola nem sequer é mencionada no quilométrico título original, e sim o continente: Riusciranno i nostri eroi a ritrovare l’amico misteriosamente scomparso in Africa?. Significa: Conseguirão os nossos heróis encontrar o amigo misteriosamente desaparecido em África?. Em Portugal, o filme foi rebaptizado como Um Italiano em Angola”,  refere o Rede Angola.
A história não prima pela complexidade da trama mas está tingida de ignorância em diversos pontos e momentos.
O filme fala-nos de um empresário italiano rico, entediado com a alta sociedade de Roma, junta-se ao seu contabilista numa viagem a Angola, onde o seu cunhado desapareceu há três anos. A Angola do filme não é um país ou uma colónia, e sim uma corrida de obstáculos. Com um pouco de esforço para se apreender essa dimensão apenas simbólica de Angola na história, é possível divertir-se, especialmente com o genial comediante Alberto Sordi no papel principal.
Ora vejamos e citemos o Rede Angola: cunhado desaparecido. “O dito conhado desapareceu em Tômbwa, Namibe, logo após passar pelas Quedas de Duque de Bragança, hoje Kalandula, em Malanje (por favor leiam este texto com o nosso mapa ao lado). Há imagens brevíssimas de Luanda assim que as personagens chegam ao país.” Mas mais curioso e ridículo é que Alberto Sordi aparece caracterizado frente ao Banco Nacional, na marginal, vestido da cabeça aos pés com roupas de safari. Empunhando uma câmara de filmar para registar os locais.
As personangens rumam então a Malanje (província vizinha do Namibe, claro, lembra-nos Saymon Nascimento, jornalista do RA) e encontram uma paisagem exuberante de savana, com leões, avestruzes e incríveis palancas gigantes, em imagens realmente de tirar o fôlego. Esse espírito de biólogos mal formados, nós também não sabemos onde foram buscar.
É um preconceito camuflado ladeado por uma ignorância escancarada. É o reduzir Angola ao básico, caracterizando África como um país.
O texto original é de Saymon Nascimento e o filme pode ser visto aqui.
 

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