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Valdemar Dória e a arte de cruzar Portugal e São Tomé na tela

Valdemar Dória - República Democrática do Rossio | DR
Valdemar Dória - República Democrática do Rossio | DR

Em 1974, São Tomé e Príncipe, arquipélago coberto por um manto verde e cujo cacao é mundialmente reconhecido, viu nascer Valdemar Dória, um artista plástico que expressa o seu dia a dia lisboeta e as suas memórias santomenses através do que pinta.

O desenho é o seu forte mecanismo de comunicação. Em tenra idade, emigrou para Portugal, com a mãe, onde formou-se em Pré-Impressão, pela Escola Profissional Val do Rio em Oeiras e frequentou o curso de Design Gráfico na Universidade Lusófona.

O desenho, os contornos, as cores, nunca lhe foram estranhas e ditaram o caminho da sua vida e futuro. Enquanto estudava, desenhava em todos os seus cadernos, de todas as disciplinas. Normalmente, os rabiscos feitos em criança ou na adolescência deixam de ter importância e acabam por ir parar ao lixo ou ponto de reciclagem. Não para Valdemar. Guardou todos os seus cadernos de desenho e alguns pormenores desses mesmos desenhos foram reproduzidos e pintados sobre telas ou serapilheira – material de tecido grosso usado, por exemplo, para fazer sacos. Quando ligado a outro material, pode ser usado para fins artísticos.

A sua arte, mais à base de composições pictóricas, apresenta variados elementos sobrepostos e/ou bustos isolados. São Tomé tem muita influência, apesar do distanciamento geográfico, e é muitas vezes o objeto da sua arte, numa representação atemporal. Essa ausência é arquitetada no cruzamento entre o contexto urbano lisboeta da sua vida quotidiana e nas práticas que lhe fazem relembrar o país onde o léve-léve é rei.

Valdemar expõe com alguma regularidade desde 1994, tendo em 2011 e 2012 participado na Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe, em 2013 na Galeria Quadras Soltas, no Porto e na Casa Internacional de São Tomé e Príncipe, em Lisboa em 2013 e 2014 na “Africa Mostra-se, 2016″ e “BudoBudo” (ind.) – Clube do Bacalhau, em 2017.

E mais recentemente, entre os dias 5 de dezembro e 21 de janeiro, fez parte da exposição Cafuka Atlântica, juntamente com outros artistas, no Centro Cultural Malaposta, onde Valdemar apresentou República Africana Democrática do Rossio, que representa nas suas palavras um Portugal acolhedor , onde várias identidades e culturas dão vida a pontos como o Rossio, no centro de Lisboa, famoso pelo cruzamento de nacionalidades que ali encontramos.

Em República Democrática do Rossio, “não só quero representar isso [diversidade], mas dar a entender todos os ideais que temos perante a vida igualdade, fraternidade e justiça. E o Rossio é um dos sítios onde podemos ver isso tudo. Temos o memorial aos judeus, a igreja católica, temos lojas de chineses, paquistaneses, portugueses, temos tudo. Como se fosse um país numa pequena zona e a Diáspora representa exactamente isto”, explicou.

Valdemar reflete também a procura de uma identidade de um negro numa metrópole europeia. Como se pode ver nas suas composições, onde as cores são variadas e os rostos são recorrentes, que vão de encontro a uma paisagem onírica e que podem conter referências à terra natal do autor ou ao ambiente urbano lisboeta onde cresceu.

Para além de artista plástico, Valdemar Dória é membro fundador da Plataforma Cafuka: Associação de artistas plásticos naturais de São Tomé e Principe, que divulga e promove as artes e artistas do país e de toda a lusofonia.

Epistemologicamente falando, no contexto cultural santomense, significa candeeiro, sobretudo aqueles feitos de vidro, lata ou qualquer outro material metálico, que tem como objectivo gerar luz através de petróleo ou óleo de palma e torcida de tecido ou fibras de algodão.

O nome da associação resulta da alteração da grafia da palavra “cafuca” para a Cafuka, representando a luz orientadora que abre caminhos para o mundo, numa viagem que sem fim e que pode ser acompanhada e sentida por todos no site de Valdemar Dória.

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