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Virgil Abloh: A herança cultural negra chegou finalmente à alta costura, pelas mãos de um negro

Virgil Abloh
Virgil Abloh

“Foi a minha mãe que me ensinou a costurar e ela aprendeu com um alfaiate no Gana”. As palavras são de Virgil Abloh e nelas captamos a essência da sua nova coleção masculina da Louis Vuitton, para a temporada Outono-Inverno deste ano.

A nova linha, apresentada no Tennis Club de Paris, recebeu o nome Ebonics e teve direito a um desfile com uma interpretação cénica marcante e envolvente. O desenrolar do evento foi uma combinação vídeo e som, com a exibição de um filme dirigido por Josh Johnson, centrado na palavra falada e na performance, com uma chamada ao pensamento radical através das “lentes” da roupa masculina).

O mote para o vídeo foi inspirado no ensaio Stranger in the Village (1953), do escritor James Baldwin. Através de experiências como turista afro-americano numa aldeia suíça, o ensaio de Baldwin abre caminho para as criações de Abloh, numa reprodução onde o desfile acontece entre um espaço semelhante a uma galeria e as montanhas suíças, com um questionamento sobre como é ser visto no meio da cultura branca como um artista negro norte-americano na Suíça.

Incorporando os confrontos físicos com os conflitos psicológicos explorados no ensaio de Baldwin, o conjunto configura e reconfigura a aldeia suíça através de um palco de mármore abstrato que representa as emoções inconstantes do autor. A performance gira à volta da noção figurativa do roubo da arte e a reapropriação dos fundamentos do património cultural. 

Em 70 looks, o estilista desconstruiu arquétipos obsoletos instalados no nosso subconsciente coletivo, fruto de normas sociais obsoletas e ilegítimas, para oferecer uma nova interpretação do guarda-roupa masculino. O formal, o bling, o artístico e o excêntrico unem-se nesta coleção que já se afirma como vanguarda.

Os arquétipos escolhidos pelo criador são sobretudo os da infância: o escritor, o artista, o arquitecto, o vendedor, o recepcionista e o galerista, que lhe permitem abranger um espectro muito vasto. Assim, a coleção dá lugar a uma série de looks muito formais entre fatos e casacos maximalistas retos, às vezes torcidos ou com pregas propositadamente negligenciadas.

Assim que assinou com Louis Vuitton, Virgil Abloh explorou o lema “Tourist vs. Purist”, que representa a forma como quer explorar os arquétipos masculinos na marca francesa, e que voltou agora a sair da gaveta.

Abloh reuniu uma enciclopédia educacional de respostas para as perguntas ​​que o têm incomodado, como a relevância da moda, dos desfiles, de fazer roupas face ao movimento Black Lives Matter e de todas as crises da humanidade que surgiram no ano passado.

“Eu tenho uma responsabilidade. Dissemos que queríamos diversidade. Não dissemos isso em 2020? Fazer mudanças significa mesmo fazer essas mudanças. Eu não quero olhar para trás e dizer que fechei os olhos. Sou um otimista. E o futuro ainda não foi decidido”.

Enquanto designer de moda norte-americano e atual diretor artístico de vestuário masculino da Louis Vuitton, Virgil Abloh está desde 2018 a deixar impresso o seu cunho artístico na história da alta costura mundial.

“Enquanto eu crescia, o meu pai usava roupas Kente, sem nada por baixo. Era assim que ía vestido para os casamentos familiares, funerais e graduações”. “Mas quando ele ía a um casamento americano, usava terno. Uni os dois celebrando a minha cultura ganesa”, explica o designer à imprensa internacional. “Adicionei padrões LV ao tecido, armei-o, em seguida emparelhei-o e misturei-o novamente com quadrados xadrez e o resultado foi realmente algo novo. O mesmo acontece com o padrão na diagonal verde sobre branco  num traje de motocross de couro“, continuou.

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