Em outubro noticiávamos a atribuição do prémio angolano António Jacinto ao jovem escritor Lourenço Mussango “Tetembwa”. Contudo, um autor brasileiro, Paulo Cantarelli, denunciou que a obra em questão, Mulher Infinita, é fruto de plágio do seu conto Serena, publicado em 2019 no livro Recifenses.
Considerando as acusações, o júri do prémio António Jacinto Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas decidiu anular a atribuição do prémio a Mussango, apesar de ainda não ter sido feita qualquer investigação ao caso.
O Novo Jornal indica que a decisão é explicada em ata de 21 de dezembro de 2020 e baseia-se no ponto dois do artigo 3.º do regulamento do prémio, que determina que as obras precisam ser “inéditas”.
Tudo começou no dia 17 de dezembro, quando o escritor brasileiro publicou no site Entender Ficção artigo com o título A Lourenço Mussango, Plagiador de Angola.
Paulo começa por dizer que recebeu uma chamada telefónica vinda “do outro lado do Atlântico” de um velho amigo, que o informou de que havia sido plagiado em Angola e que o laureado foi recompensado com um prémio nacional.
“A primeira reação foi o riso, depois perplexidade”, escreveu Paulo, levantando a hipótese de ser um “engano, uma coincidência criativa, ou, quem sabe, mera alusão”.
Com o passar do tempo, Paulo constatou que não se tratava de um engano ou coincidência criativa.
Paulo, no seu artigo, acusa Lourenço de ter copiado “integralmente trechos inteiros” e de retirar “o discurso indireto livre do original”.
Lourenço pronunciou-se sobre as acusações feitas ao Jornal de Angola, na edição de dia 22 de dezembro. “Há alguns anos, a minha mulher contou-me a história da vida da sua avó Constância e achei-a interessante e optei por ficcionar a história”.
O autor angolano indica também que Paulo Cantarelli copiou os excertos em causa da página de Facebook da sua esposa, ali publicados em 2018.
“Dizem que ganhei o prémio por causa do referido escrito, o que não é verdade. Não plagiei nada”, disse Tetembwa.
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