YuriGotBandz é “mais um produto do bairro”, assim como se auto-intitula. Nasceu em Angola mas foi para Portugal ainda bebé, arrastado pela necessidade da mãe encontrar estabilidade fora da sua terra natal.
A família instalou-se primeiro no Porto, aos cinco anos de Bandz mudaram-se para o Cacém (Linha de Sintra) e aos nove para a Margem Sul. O rapper confessou à BANTUMEN que teve uma infância complicada, sobretudo a nível familiar. “Infância dura. Apenas conheço o meu pai virtualmente, [ele] sempre viveu nos Estados Unidos então a cota sempre foi mãe e pai. Cresci no meio de muita violência, droga, assaltos, dança, música, pessoas com e sem sucesso na vida”, explicou Bandz.
Contudo, a música surge na sua vida não só como escape a essa realidade como também como guia para manter o foco. “O primeiro som não me recordo, deve ter sido um freestyle lá por volta de 2016/2017. Na altura fazia cenas só para ouvir no block [bairro]. Criámos um estúdio na minha casa com madeiras da rua e tal. Mic, pc, o básico. E de lá saíam álbuns, mesmo sem ninguém saber mexer em nada praticamente. Os meus primeiros contatos com estúdios profissionais vieram sempre da moral que recebia dos rapazes [mentores e amigos] que sempre me direcionaram para fora das ruas”, contou.
No início, não foram delineadas quaisquer perspetivas de carreira. Bandz diz que, na altura, era uma pessoa “mais nova” e que no fundo não tinha maturidade suficiente para tal. Com passar do tempo, com o crescimento pessoal e profissional e contato com outras pessoas do meio, mudou de visão.
“A ideia de fazer disto carreira foi-me instruída por um dos mentores que acompanha-me até agora na parte da imagem, o CEO da marca de roupa “Imigrant“. Ele foi um elemento chave e que contribuiu para a minha mudança de street man para business man; e de rapper para artista”, afirmou YuriGotBandz.
Nas suas produções, fala das suas próprias experiências, enquanto homem em crescimento fora da sua terra. “Quero mostrar que com pouco se consegue e que é possível ir atrás dos sonhos tal como estou a fazer”.
Nas ruas, o rapper tem o Bando Flows, que é até agora o primeiro e o único projeto lançado, recheado de “sonoridade nunca antes implementadas na tuga”, assevera.
O projeto musical tem sete faixas musicais, duas já foram lançadas com os respetivos videoclipes com o intuito de promover o projeto.
Fazendo futurologia, “este ano ainda não acabou, mas podem esperar surpresas mais elaboradas do Bandz para o próximo. Prometo continuar consistente”, afirmou.
Bruno Dinis
Carrego a cultura kimbundu nas minhas veias. Angolanidade está presente a cada palavra proferida por mim. Sou apologista de que a conversa pode mudar o mundo pois a guerra surgiu também de uma. O conhecimento gera libertação e libertação gera paz mental, por tanto, não seja recluso da ignorância.