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Como o Afrobeats está a comandar a cena musical global

Wizkid, Aya Starr e Burna Boy | DR
Wizkid, Aya Starr e Burna Boy | DR

De forma generalizada, há uma tendência para se confundir o Afrobeat de Fela Kuti com o Afrobeats que hoje é produzido. O ícone da música nigeriana fundou, entre 1960 e 1970, o Afrobeat, resultado de uma fusão de estilos tradicionais africanos com o jazz, funk e highlife. Por seu lado, o Afrobeats é música pop, com uma base sonora inspirada na música contemporânea da África Ocidental.

Apesar de o género ter começado a ser amplamente divulgado por artistas como Drake (“One Love”, 2016) e Beyoncé (The Gift, 2019) e de nomes como Wizkid, Davido e Burna Boy já terem fincado o pé nos rankings internacionais, há um nome indissociável do crescimento do género na cena europeia, e consequentemente global, é Bankulli, cantor e compositor e manager de talentos. O artista e empresário nigeriano foi um ator-chave no início da ascensão da cena Afrobeats, tendo conectado vários artistas africanos com artistas internacionais. Atualmente, Bankulli está prestes a lançar uma série documentário, “The Chronicles of Afrobeats“, onde conta a história do género, com mais de 200 entrevistas, com pessoas fundamentais e diferentes perspetivas, com o objetivo de documentar e preservar e perpetuar a cultura para as próximas gerações.

Poucos previam a explosão do Afrobeats no mercado internacional, como aconteceu a partir de 2019, altura em que o mundo começou a deparar-se com uma pandemia e os sucessivos confinamentos terem contribuído para uma mudança nos hábitos de consumo nas plataformas de streaming (quer a nível de estilos como no tempo médio de audição e da sua distribuição ao longo do dia).

A empurrar o estilo para o sucesso está também o facto de várias plataformas de streaming terem entrado oficialmente nos vários mercados musicais africanos, como é o caso do Spotify e a criação de rankings britânicos específicos de Afrobeats.

Há ainda a acrescentar que, no fim de 2019 e início de 2020, o Spotify e Apple, embora de forma tímida, já divulgavam playlists do estilo.

A tendência global de crescimento do género afrodescendente acabou por ganhar novos contornos, com Burna Boy a vencer o seu primeiro Grammy Awards; a colaboração de Wizkid e Tems a atingir diversos charts e estreia em premiações de música e “Love Nwantiti”, de CKay, a bater recordes mundiais, muito também graças à influência dos criadores de conteúdo no TikTok (rede social que tem servido de trampolim para a fama de novos talentos africanos). A música foi a mais pesquisada no Shazam, em 2021.

Entre os grandes nomes do Afrobeats, destaca-se Burna Boy, com uma primeira indicação ao Grammy, em 2020, com o álbum African Giant – que perdeu para a estrela beninense Angélique Kidjo. Além da musicalidade, há também que referir a instigação ao empoderamento negro através das letras de Burna como um dos fatores de popularidade da sua música. Ter vencido um Grammy na segunda nomeação, com “Twice As Tall”, e que o tornou no primeiro nigeriano a conseguir o feito, acabou por conceder ao artista um selo de qualidade no estilo mundialmente ouvido.

O sucesso do Afrobeats pode também ser medido pela rapidez em criar estrelas. É o caso de CKay. Com “Love Nwantiti”, o artista viu a sua música ser propulsada pelo TikTok, num momento em que já era popular no Gana, Nigéria e África do Sul.

Lançado pela primeira vez no EP CKay the First, de 2019, o remix com Joeboy e Kuami Eugene, do Gana, garantiu que fosse um sucesso comercial no Gana, Nigéria e na Africa do Sul.

Aos 26 anos, o sucesso do single permitiu que CKay alcançasse um estrelato fulminante, que noutros tempos poderia levar décadas a concretizar.

https://www.instagram.com/p/CYgBaYNF6Ge/

Durante uma pandemia implacável, os ritmos quentes e tropicais do Afrobeats levaram-nos a imaginação para lugares onde fisicamente não podíamos ir, ganhando novos seguidores e artistas – como Ayra Starr, cantora de 19 anos revelada no Instagram pelo magnata da música Don Jazzy no início deste 2022.

Há muitos outros artistas promissores que se tornaram mais visíveis no ano passado, de Buju, Ruger a Lojay – cuja música “Monalisa”, com toque de Afrohouse, ganhou posições insanas nas rádios nigerianas e liderou a tabela global de Afrobeats do Shazam – e aos quais vamos estar atentos, aqui na BANTUMEN.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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