Para algumas crianças o regresso às aulas é uma das alturas mais aguardadas depois das férias de verão. É para muitas o (re)começo e, tal como o próprio nome indica, (re)começar pede coisas novas. Da mochila ao estojo, passando pelos cadernos, lápis e canetas, é quase impossível crer que existem crianças para quem esta fase, que deveria ser de sonhos e alegria, representa no seu todo o infortúnio que é não ter possibilidades.
À margem das crianças alegres e entusiasmadas que vão enchendo os mupis da cidade ou que nos chegam através das TVs em forma de publicidade, existem outras tantas que não se podem compadecer dessa alegria e desse entusiasmo porque não têm. São crianças segregadas, deixadas de lado e praticamente invisíveis aos olhos de quem tem como principal competência zelar pelos seus interesses. São crianças para quem o futuro, muitas vezes, não passa de uma miragem.
Não fossem as associações criadas dentro das comunidades segregadas, talvez muitas destas crianças vissem o seu futuro ainda menos risonho e talvez algumas delas se privassem daquela que é uma característica própria da idade e ingenuidade: a vontade de sonhar.
No passado dia 23, a BANTUMEN participou numa iniciativa organizada pela Associação Efeito Dominó, Associação Jipangue e Associação Amanhã Melhor, com o intuito de dar a conhecer a campanha de recolha de materiais escolares que as instituições estão a desenvolver.
A iniciativa surge com o propósito de devolver às crianças “esperança e vontade de sonhar”. Para Emanuel, Ruben e Adimaldo (Associação Jipangue, Associação Efeito Dominó e Associação Amanhã Melhor, respetivamente) o futuro das novas gerações depende sobretudo da educação. Recolher material escolar para crianças e jovens carenciados é mais do que oferecer uma caneta ou um caderno: é dar-lhes a motivação necessária para se focarem nos estudos, é fazer com que se sintam iguais aos demais.
Ao mesmo tempo que surgem como alicerce motivacional, os donativos representam também um alívio na carteira de certos pais, cujos rendimentos viram-se afetados pela pandemia.
As associações apelam à comunidade, que desde o início da pandemia tem demonstrado a sua sensibilidade e solidariedade ao contribuir com bens alimentares, para que também agora faça chegar às suas instalações materiais escolares que permitam a estas crianças e jovens ter um regresso às aulas com tudo o que precisam. Os donativos podem também ser feitos através de MBway (Portugal) ou Transferência Bancária.
Embora esta seja a iniciativa mais recente das associações, vale relembrar que todas elas centram a sua atividade no trabalho comunitário, tendo um papel ativo na sinalização de famílias carenciadas, desenvolvimento de mentorias, recolha e distribuição de bens alimentares, atividades de desenvolvimento pessoal e social, bem como na promoção e execução de atividades educativas e culturais.
Sabe mais sobre as associações e respetivas recolhas de donativos através das suas respetivas sociais.