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OG Vuino é a versão maturada de Vui Vui, com mais de 20 anos de carreira nas costas e um percurso inscrito no Hall of Fame imaginário da música em português, primeiro com os Kalibrados e, agora, a solo. Nessa estrada acidentada que é a indústria da música, tem deixando um rasto para facilitar a jornada profissional das novas gerações.
Lawilca, Callas, Zona 5, Killa Hill, Nice Zulu e BC, Young Double, CEF ou Délcio Dólar são nomes amplamente conhecidos pelo público angolano e que tiveram os seus primeiros passos empurrados por Vuino.
Atualmente, entre as suas várias atividades, como rapper, produtor, autor e empresário, o artista continua a dar visibilidade ao sangue novo da música em Angola. Das constantes mensagens privadas que vai recebendo, com solicitações para opinar sobre uma nova faixa ou EP de um artista newcomer, surgiu a ideia da Super Liga. O primeiro passo foi pedir, através do Instagram, que novos artistas enviassem-lhe um freestyle.
“A ideia foi crescendo um dia de cada vez. Um dia postei um norte-americano e desafiei os miúdos da nova escola, porque o que mais recebo na minha DM (direct message) é pessoal a pedir-me para ouvir os trabalhos dos putos”, explicou o rapper. Só no primeiro dia, Vuino atesta ter recebido mais de 100 vídeos. Ao fim de uma semana, eram mais de mil. “Daí, selecionei nove, contactei-os para saber se foi uma cena ao calhas ou se estão mesmo a fundo na música. Depois, enviei beats com refrões e dei-lhes deadlines: ‘Tens de me mandar os versos em dois dias’. Agora, tenho um álbum com eles já”, detalhou.
Questionado sobre como arquitetou cada passo do projeto, OG Vuino garantiu que já não faz nada em freestyle: “Fico feliz pela execução e pelo feedback mas um gajo já não trabalha no improviso. Há sempre um plano, as coisas nem sempre acontecem como planeado, mas há um plano. A ideia foi crescendo um dia de cada vez.”
A comoção nas redes sociais com esta Super Liga, que deu a oportunidade a jovens da capital e do interior de mostrarem o seu talento em “antena” nacional, gerou milhares de partilhas, comentários e gostos. Contudo, Vuino relembra que esta não é primeira vez que utiliza a sua popularidade e “canais” para lançar novos nomes no mercado da música. “Ocorre-me uma expressão que tenho ouvido muito, embora para mim seja um pouco agridoce. Fala-se muito de legado, daquilo que estou a deixar para as novas gerações. Ao mesmo tempo, sinto que a história perdeu-se, porque já lancei muita gente: Lwilca, Callas, Zona 5, Killa Hill, Nice Zulu e BC, Young Double, CEF, já fiz este projeto em colégios onde saíram artistas como Délcio Dollar, Lípsia, Freddy Perry, Nilson… Ou seja, tipo que o people esqueceu-se ou essa geração não sabe e parece que só estou a fazer isto agora mas eu sempre fiz isto”, sublinhou.
Depois da seleção dos nove felizardos – Patrícia Soares, M Black Master, Liu Kid, Seliras Day, Wylker G, Muri Marques, Dedas Skill, Boy Lendário e Faradiza -, foi um fast forward até juntar todos estes novos rappers em Luanda e gravar pelo menos uma música com cada um. “Em 20 dias gravámos um álbum, filmámos um vídeo, tirei quatro putos do interior do país e fizemos uma sessão fotográfica”, disse.
Claro que nem tudo foram rosas, mas “tudo o que é obstáculo que vai surgindo tens de ter capacidade financeira para responder”, explicou. “Em termos de organização, paguei tudo. A melhor maneira de gerir é pagando. E depois de já teres colocado dinheiro na mesa, teres pago isto ou aquilo, tens de colocar as regras”, acrescentou.
Agora, a ideia é valorizar a marca e o sucesso da iniciativa é ditado pelo número de convites que tem recebido. “O Anselmo ligou-me a perguntar se não estaria interessado em fazer da Super Liga um programa de televisão contínuo e já tenho um show para dia 6 de agosto.” A fase seguinte será lançar mais um ou dois vídeos e o álbum virá em seguida. Como disse o artista, “o bidon de gasolina já lá está, se acender o isqueiro vai dar explosão”.
Além da exposição nas redes sociais, os nove artistas da Super Liga puderam ainda aceder a um conjunto de novas experiências. “Dei-lhes acesso a outras pessoas, ficaram representantes da Salute , gravaram um videoclipe pela primeira vez, muitos não tinham experiência de estúdio… E tenho recebido gratidão desde o primeiro dia. Foi isso que me levou a querer fazer algo maior”.
A gratidão, tantos dos artistas como da parte dos seguidores, por estar a mudar o paradigma destes jovens e criar-lhes novas possibilidades é palpável. “Todos os dias recebo uma mensagem a agradecer. Tenho um que diz que nem no aniversário recebe tantas mensagens”.
Há ainda a salientar a visibilidade que esta iniciativa, que tem o apoio da Good Feeling , tem dado ao talento “escondido” nas províncias do interior de Angola e que não tem tantas opções para chegar aos canais de promoção a nível nacional. “Descobri que a Huila tem um mercado paralelo ao de Luanda. Vi mais de 20 rappers bons do Lubango. Têm os cyphers deles, têm as reações deles, têm os prémios deles, Prémio Tundavala… Têm cyphers de canto, de canto mesmo. Vi uns dez gajos de lá, do estilo poesia acústica, vi gajos com potencial para entrar no mercado amanhã, com a direção certa”, confessou.
O projeto Super Liga está assim numa fase de promoção, com o recente lançamento da música “Faixa Preta” e aparições em diferentes programas de televisão e digitais e talvez venha a ter continuidade anualmente, com passagem por diferentes estilos musicais, como “kuduro, zouk, semba”, entre outros.
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