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Na passada sexta-feira, 18, Gil Semedo deu um espetáculo memorável, para si e para a plateia que acorreu ao Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
Depois de vários anos sem dar um concerto em nome próprio, e agora sob a alçada da produtora Klasszik, quatro mil pessoas esgotaram a lotação do espaço para ver atuar aquela que foi a primeira popstar Cabo-Verdiana deste milénio.
Gil Semedo é um ícone reconhecido e adorado de uma ponta a outra da comunidade dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. O seu nome desperta um sentimento de nostalgia que nos transporta a memória para os anos ’90 e início de 2000, onde os smartphones não preenchiam as nossas mãos e o “olho no olho” ainda era a melhor forma de nos relacionarmos. Um tempo onde as festas de família se faziam da hora do almoço até ao amanhecer (regado a caldo de ovo para acalmar os estômagos de quem de alegria, e algum álcool, se deixou emborrachar).
Mesmo volvidos vários anos desde que presenciámos a febre deste entertainer – assumido fã incondicional de Michael Jackson, em quem se inspirava na forma de vestir, dançar e atuar e por isso era chamado na época de “o Michael Jackson cabo-verdiano – há em Gil Semedo uma aura de humanidade e humildade – além do inegável talento, claro, – que continua a atrair massas.
Com o apoio da colossal Klasszik, Gil deu neste final da semana um concerto digno de grandes palcos internacionais, a começar pela entrada. Depois de um desfile de vários artistas lusófonos, como DJ Manera, cujo início de carreira aconteceu com Semedo, há 30 anos – Tony Pirata, Jerson Santos, Dj Walgee, Garry, Edgar Domingos e Ga Dalomba, Gil subiu no palco do Coliseu entre dois anjos e toda a sua equipa vestida de branco. Entre o júbilo da plateia, o artista desceu a escadaria do palco, pé ante pé, serenamente, e do fundo da sua garganta ouviu-se o já conhecido “Nhôs líder ki ta manda!” (o vosso líder é que manda, traduzido do crioulo).
O alinhamento passou por todos os clássicos dos álbuns Bodona, nos Líder e Dedicaçon.
Para ajudar a fazer a festa e cantar as suas músicas mais memoráveis, Gil ladeou-se dos melhores, como Dina Medina, Dino D’Santiago, Djodje, Nelson Freitas, Calema (com quem cantou a nova música “Gostu Sabi”), Mito Kaskas e o seu irmão Vado.
O fim do concerto – que a julgar pelo ambiente e vontade do público poderia prolongar-se pela madrugada adentro – chegava com “Obrigado”, e, claro, “Maria Júlia”, o hit de todos os seus hits.
Esta celebração dos 30 anos de carreira do artista foi a prova de que o público está pronto para continuar a receber o talento de Gil, seja com música nova ou com shows para recordarmos as antigas.
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