Luís Borges apresentou coleção BIG BANG, onde grandeza e afirmação negras não faltaram

No último dia da ModaLisboa, a passarela virou um palco, onde o Luís Borges, criador da marca Call Me Gorgeous, deu voz e vez a pessoas de vários géneros, experiências de vida distintas mas, com um determinante denominador comum, a cor da pele.

Pessoas racializadas, transsexuais, gordas, crespas, maduras… que só por serem quem são e como são, tantas vezes são silenciadas e invisibilizadas pela sociedade, por fugirem aos padrões, ditatoriais da mesma.

Neste desfile, os presentes foram presenteados com representatividade tangível, cada cabelo uma coroa, cada corpo um história a ser contada, cada cor um contraste harmonioso, convergentes na estética e no olhar do artista.

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“Quero que cada pessoa tenha uma personalidade única, atitude e poder, claro, mas quero também falar a sério sobre representatividade e, para isso, quero ver alturas diferentes, corpos diferentes, contextos diferentes. Quero que as pessoas se sintam vistas e apreciadas. Black power pode ser tanta coisa que nós queremos contar o máximo de histórias diferentes”, afirma Borges.

Pela segunda vez, o modelo e diretor criativo apresentou, na semana da moda portuguesa, um desfile desruptivo, que faz frente aos estereótipos promotores de exclusão com uma passarela composta só por modelos negros.

A vibração e a emoção de todos os que estiveram no espaço Lisboa Social Mitra, a assistir à apresentação, foi condizente com a explosão estética de cada modelo que desfilou. Energia essa que fora ainda mais elevada com a atuação de Nenny e dos seus bailarinos, num repertório escolhido a dedo que tornou sonora  a mensagem estilística de Borges.

Se a moda, que é uma forma de arte, não souber ser um reflexo do seu tempo, então algo no seu enredo terá falhado. Refletir o que é a roupa em relação ao corpo e à moda leva, inevitavelmente, à pergunta do que é realmente e necessário hoje, na impermanência e mutação da vida. Bem como da história e da cultura.

“O desfile é um momento extremamente mediático e pode ser usado para dar voz a temas que me são próximos”, disse-nos o autor do desfile.

A Call Me Gorgeous, conduzida por Luís Borges, encerrou a 60ª edição da Moda Lisboa, no último domingo, 12.