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Entre a chuva, FeLiCidade celebrou a língua portuguesa em todas as suas vertentes

Cerca de cinco mil pessoas juntaram-se nos dias 4 e 5 de maio para celebrar a liberdade e a língua portuguesa, nas suas mais diversas expressões e manifestações, no festival FeLicidade, em Belém (Portugal). Apesar da chuva, que também decidiu comparecer no evento, as pessoas não deixaram de se divertir ao longo do alinhamento desta primeira edição, que reuniu música e diferentes disciplinas culturais.

O primeiro dia começou calmo, com as pessoas a aglomerarem-se nos diferentes espaços, a Praça Principal, o Jardim das Oliveiras e as salas do Centro Cultural de Belém (CCB), para poderem assistir às performances dos artistas. O segundo dia começou com uma manhã mais cinzenta e com mais probabilidades de chuva e, como diz o velho ditado, “é melhor a prevenção do que a lamentação”. A produção do evento decidiu transferir o palco Jardim das Oliveiras para a sala do Pequeno Auditório, abrigando os artistas e os equipamentos instalados.

Antes de adentrarmos os espaços dos espetáculos, acontecia um mercado onde as cores chamavam a atenção. Tecidos, acessórios de moda, objetos de decoração, livros e muito mais era o que nos oferecia o Mercado Afrolink, que este fim-de semana mudou-se para o recinto do CCB.

Em conversa com a BANTUMEN, Paula Cardoso, fundadora do projeto que reúne empreendedores negros de diferentes setores, contou como decidiu dar início a este mercado. “É muito interessante observar o movimento do Mercado Afrolink, que começa a partir de um desafio do que foi lançado em 2021, pelo pessoal da CTLisbon, que tem o MusicBox e uma série de outros projetos. E nessa altura ainda estávamos em todos aqueles constrangimentos da pandemia”. O propósito foi, por um fim de semana, dinamizar os espaços da Casa do Capitão, em Lisboa, mas a ideia acabou por agradar e agregar e Paula decidiu que o projeto tinha de evoluir para algo maior. De lá para cá, o Mercado Afrolink passou a acontecer todos os meses, em diferentes locais da cidade de Lisboa e, no passado fim-de-semana, chegou ao novo festival da capital. “Esta presença aqui no festival FeLiCidade é mais um encontro e que parte, justamente, de um convite da mesma equipa com quem iniciámos esta jornada. portanto, há aqui uma conclusão de ciclo, que é muito bonita. (…) Acho que, antes de mais, o facto de estarmos todos e todas aqui, juntos, permite que percebamos que há um caminho conjunto que podemos fazer. Esse para mim é o benefício principal, de coomo é que podemos aprender uns com os outros e inspirarmos-nos”, explicou Paula Cardoso.

Além das atuações nos três palcos, aconteceram várias apresentações e atividades em simultâneo como spoken word, palestras, aulas, oficinas e até uma visita espacial.

Algumas das aulas, centradas nas questões da Língua, foram lideradas por Frederico Lourenço, que falou sobre o poeta Luís de Camões, Joana Matos Frias que se debruçou sobre o poeta, cronista e contista brasileiro Carlos Drummond de Andrade; Maria Antónia Oliveira que levou Alexandre O’Neill e José Luíz Tavares com “Camões crioulo e poetas cabo-verdianos”, entre vários outros.

Também houve espaço para visionamento de filmes. Capítulos da série Herdeiros de Saramago foram os escolhidos para abrir dos dois dias, seguindo-se apresentações de Lissabon Wuppertal Lisboa (1988), de Fernando Lopes, O Marinheiro (2024), de Yohei Yamakado .

Uma das atrações com mais adesão foi sem dúvida o espaço para as leituras encenadas, protagonizadas por mulheres artistas, residentes em Portugal e Brasil. Aoaní Salvaterra e Raquel Lima falaram sobre “Língua Materna”, “Génera” ganhou vida pelas vozes de Keli Freitas e Carolina Parreira, além da participação de outros nomes como Jota Mombaça, Isabel Zuaa e Nádia Yracema que levaram assuntos diversos.

No Palco Praça, o grupo musical cigano Família Gitana, as Batucadeiras das Olaias e o Baque Mulher foram alguns dos concertos a que assistimos, onde a música cigana, o batuku de Cabo Verde, a Ciranda, Maxixe do Brasil foram os protagonistas. O último momento deste palco, no sábado, foi liderado por Nenny, que atuou e ainda dedicou quase uma hora da atenção aos fãs.

Fora do CCB, no Jardim das Oliveiras, sobretudo no sábado, o tempo estragou algumas atuações. Lula Pena & Braima Galissá viram os seus concertos serem cancelados. Com o chegar da noite, a chuva cessou por completo, dando espaço para que Mynda Guevara, Juana Na Rap e G Fema, Missy Bity e o Coletivo Gira dessem continuidade ao espetáculo.

Já no domingo, Luca Argel e Filipe Sambado deram um ar mais intimista ao seu concerto, apenas com com voz, guitarra e violão, e ainda fizeram uma reflexão sobre o último caso de racismo que aconteceu na cidade do Porto.

Houve ainda as apresentações de Scúru Fitchádu e Azia, que por 45 minutos colocaram toda a sua energia e muito “fogo” nos novos ritmos do funaná; a kudurista de Angola, Titica, representou o seu país e a comunidade LGBTQIA+; e a artista brasileira Lia de Itamaracá que, com os seus 80 anos, agitou o povo com a sua música de pura raíz ancestral e afro-brasileira durante uma hora, com os seus maiores temas como “Desde Menina”, “Eu Sou Lia Minha Ciranda” e outros.

O último concerto no Palco Praça foi protagonizado pela banda B.Leza, composta por talentos novos e veteranos da música PALOP. A banda convidou as Batucadeiras Voz D’África, Danilo Lopes, Diogo Picão, Klaudio Hoshai e Manecas Costa.

Para fechar a noite e o festival, Puta da Silva atuou no Pequeno Auditório para mais de 300 pessoas.

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