O produtor angolano Fox Beat acaba de lançar a sua mais recente música, “Bailarina”, que conta com a participação de Paulo Zau. A música tem o selo da gravadora em ascensão Wave Estúdio, e já se encontra disponível nas plataformas de streaming.
“Bailarina” é mais um som que, com certeza, vai-te fazer vibrar e pelo menos abanar a cabeça. Trata-se de um afrobeat contagiante, a que Fox Beat emprestou as habilidades como produtor e Paulo Zau ficou encarregue de dar a sua voz com um verso e refrão catchy.
Segundo Fox, a música centra-se na admiração que as pessoas em geral têm pelas bailarinas, e retrata o amor entre um músico e uma bailarina e o resultado dessa sinergia.
Sobre o single, o processo de criação “foi fácil por já ter a ideia e a base do instrumental já feito e fixado”. Por sentir que faltava mais alguma coisa, decidiu convidar Zau para complementar a sua música.
“Pedi ao meu colega Paulo Zau que comigo desenvolvesse uma ideia para o beat e ele mostrou-se disponível de imediato e gostei do improviso em o fiote [língua nacional]. Mais tarde, só tive de dar melhores arranjos e aperfeiçoar mais ainda a música e foi assim que finalizamos”, disse Fox.
A música tem uma ficha técnica com os nomes de Fox Beat na produção executiva, direção de produção e letra, vozes e coro de Paulo Zau.
Fox Beat responde pelo nome de Fofana Gabriel, tem 27 anos e a música corre-lhe nas veias.
Além de ser o seu berço e local de residência, o município da Maianga, vulgo MongBlock, em Luanda, também é o lugar que o viu nascer e crescer como produtor musical. Tudo começou em 2010, durante o tempo livre depois das aulas, que passava com o amigo de infância Bob da Silva. Um vez, Bob apareceu em sua casa com um programa de “fazer beats”, o tempo que antes era livre deixou de o ser. Nasciam assim as primeiras obras de arte do artista. Tal como diz o ditado “a cura para o tédio é a curiosidade”, no caso de Fox e Bob a frase resultou. Ambos passaram a aprender e aprimorar as suas habilidades que lhes serviria mais tarde de refúgio.
Depois desse contato com o software de produção, o artista deixou-se magnetizar pelo programa, que instalou sorrateiramente no PC do pai, aos 16 anos.
Com o passar do tempo, sem se aperceber, o que era um hábito passou a ser um vício. Em junho de 2012, Fox conheceu Jorge Cassinda, um “produtor entusiasta”.
Quando foi convidado a entrar no estúdio caseiro de Fox Beat, Jorge ficou encantado com a “natureza ingénua, arrojada, singular e repleta de sonoridade nos instrumentais” que o produtor criava, sendo que estas palavras, outros ensinamentos e bases serviram de “gás” na sua caminhada.
“No fundo aprendi a seguir um processo nas minhas criações e tornar os meus beats mais apresentáveis e tinha mais recursos para sair da minha zona de conforto”, comentou FoxBeat.
Além de apenas um computador e um software, FoxBeat teve acesso a mais programas, equipamentos e exposição a outras sonoridades. Isso despertou em si o “bichinho” da criatividade que estava dentro de si.
Um mês depois, surgiu a oportunidade de fazer a sua primeira produção. FoxBeat estreou-se oficialmente como beatmaker na música do grupo Mil Toques, intitulada “Cabeça Não Bate Bem”. No género Afro-House, a música foi muito bem recebida pelo público em geral.
Tempos depois, Fox recebeu outro desafio, trabalhar com o falecido rapper da nova escola e ex-membro da TRX Music, Rony Bravo, na música “Raios”, e o resultado deste trabalho culminou com a sua entrada no movimento rap e produziu para artistas como Lil Drizzy, Eric Rodrigues, R. Jotta, Edson dos Anjos, Emana Cheezy, entre outros.
Mais tarde, Fox notou que havia dentro de si uma tendência mais melódica e o Zouk contribuiu para essa afirmação. “Dá só”, de Kenny André, membro do grupo Team Cadê, e “Melhor Forma”, de Edgar Domingos, com a participação de Mendez, acabaram por se tornar nas músicas que despontaram a popularidade do produtor. Ambas as músicas contam com cerca de meio milhão de plays no Soundcloud.
A sua entrada para a Wave Estúdio aconteceu em 2019, quando conheceu o patrono por intermédio de uma amiga. “A verdade era que, não só tinham uma amizade comum mas também objetivos. Na altura a Wave era ainda um projeto em papel, um conceito. Levou três anos para que o projeto se efetiva-se”, relembrou Fox.
Hoje, sendo um dos quatro nomes que compõem o leque de artistas da Wave, Fofana não pretende ficar-se pelos beats. Com a Wave, o artista pretende ajudar no desenvolvimento da cultura angolana e, claramente, expandir mais o seu conhecimento explorando outros aspetos relacionado à produção musical.
“Eu aprecio mais a música feita cá em Angola e não só pela qualidade sonora que evoluiu bastante mas também pela criatividade desde o produtor, cantor e até mesmo à pessoa que vai mixar. Tem sido para mim muito bom ouvir a música feita aqui”, explicou.