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Ano Nobo Quarteto, o legado da música cabo-verdiana vive no AME 2024

Quarteto Ano Nobo +1 / Foto: BANTUMEN
Quarteto Ano Nobo +1 / Foto: BANTUMEN


A música tem o poder de narrar histórias, promover a sustentabilidade e servir como uma forma de resistência para diversas causas. Com base nessas premissas, o festival Atlantic Music Expo (AME), em Cabo Verde, iniciou o segundo dia de atividades.

No Palácio da Cultura Ildo Lobo, na cidade da Praia, uma sala ao fundo foi palco de debates sobre eventos sustentáveis, meio ambiente, economia e sociedade, com a participação de Filipe Tavares do Eco Festival Azores Burning Summer, diretamente de Portugal.

E o que seria de uma conversa sem música? Pouco antes da hora do almoço, por volta do meio-dia, o palco recebeu os Ano Nobo Quarteto + 1. Este quarteto presta homenagem ao legado de Ano Nobo, cujo nome verdadeiro era Fulgêncio da Circuncisão Lopes Tavares. Falecido aos 71 anos em 2004, vítima de um ataque cardíaco, Ano Nobo foi um instrumentista e compositor cujo trabalho deixou um legado de mais de 400 composições. Ao longo dos anos, suas composições foram interpretadas por diversos artistas na cena musical cabo-verdiana. Ano Nobo não apenas contribuiu significativamente para a criação musical, mas também desempenhou um papel vital na educação musical, transmitindo seu conhecimento e legado para as gerações futuras em Cabo Verde.

Esse legado continua vivo, inclusive com composições inéditas do falecido artista. O objectivo é claro: preservar o legado deixado na música tradicional cabo-verdiana.

A música tocada tinha como base as cordas do violão, cavaquinho, cimboa – instrumento musical originário de Cabo Verde, tradicionalmente utilizado para acompanhar as danças de batuque – e a voz de Pascoal e Quim de Nanda, intrumentistas e vocalistas da banda.

Depois de outras atuações e workshops, como o de formalização do setor artístico, numa colaboração entre o Ministério das Culturas e das Indústrias Criativas – Ministério das Finanças e Fomento Empresarial, fomos ouvir George Tavares, cantor e compositor, que compõe temas infantis e também do Carnaval praiense; o grupo da ilha de São Vicente, Sizal, que apresentou, como de costume, uma nova abordagem e roupagem das sonoridades cabo-verdianas, e anunciou também o lançamento de um álbum, ainda este ano.

Aproveitamos também para nos sentarmos e conversarmos com Dendê & Banda, um grupo de músicos brasileiros que se destacam pela sua sonoridade “afro-brasileira”. Dendê, além de ser cantor e compositor, atua como líder de banda, professor e multi-instrumentista. Durante os ensaios, já haviam conquistado a simpatia do público, e no momento da atuação ao lado da sua banda, não decepcionaram.

“Para mim estar aqui é uma porta que se abre. [Aqui] posso mostrar o meu/nosso trabalho original, para tentar mostrar a nossa cultura afro brasileira. Com este terceiro disco, existe uma potência da percussão, gravado na Bahia, com músicos, e também na Filadélfia, onde moro, nos Estados Unidos. Então, temos vindo a tocar em vários festivais com a banda de Filadélfia, mas desta vez conseguimos montar uma banda na Europa, em Lisboa e Barcelona. Hoje temos aqui a junção de duas bandas, grandes músicos e, estando em Cabo Verde, é como se eu estivesse em casa, na Bahia, com o nosso povo, a nossa negritude, com as nossas irmãs a vender nas ruas. Sinto-me em casa”, disse-nos Dendê.

Em seguida, foi a vez de Manu Reys, um talentoso cantor e compositor da cidade da Praia, subir ao palco do AME e encantar o público com suas músicas carregadas de mensagens profundas sobre o amor e a aceitação das perdas. Durante sua performance, ele prestou uma emocionante homenagem à sua esposa e filho, apresentando canções do seu primeiro EP intitulado “Sem Sentido”, incluindo sucessos como “Txika” e “Zombam”. Além disso, Manu Reys anunciou com entusiasmo que seu álbum está a caminho, sem uma data de lançamento definida, mas com previsão para este ano.

Logo após, o cantor cabo-verdiano Sté Mnadela subiu ao palco acompanhado de sua banda, The Griots, trazendo consigo um repertório envolvente que aborda questões de consciencialização, amor negro e emancipação mental para o povo cabo-verdiano e para toda a população africana. Ele apresentou também um tema do seu mais recente trabalho, intitulado “Feito na África”, um projeto que busca fundir diferentes ritmos africanos para criar uma música mais global e inclusiva, transcendendo fronteiras e conectando pessoas de diferentes origens.

Diretamente do Maranhão, no Brasil, a talentosa Camila Reis subiu ao palco para proporcionar uma experiência musical única para o público cabo-verdiano, destacando algumas semelhanças culturais entre os dois países. Durante sua apresentação, ela entoou temas do seu EP intitulado “Canções de uma Mulher Preta“. Este disco, que apresenta quatro músicas autorais, é uma verdadeira celebração à música feita por mulheres e para mulheres, contando com a participação de sete intérpretes incríveis. “Canções de uma Mulher Preta” exalta as diversas possibilidades de existência que surgem a partir do corpo e da arte, sob a perspectiva de uma mulher negra, com composições que abordam temas como amor, maternidade e até uma faixa dedicada à Oyá, tudo isso em uma fusão de estilos que inclui até um inusitado brega em francês.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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