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Angel Bat Dawid celebra a morte do Jazz na 10ª edição do Tremor

Angel Bat Dawid
ANGEL BAT DAWID (2022) © LAURENT ORSEAU

Angel Bat Dawid é uma performer, artista visual e compositora nascida em Chicago, Illinois, que é conhecida pelo mundo pelo seu trabalho inovador nos mais diversos géneros musicais, criando música experimental distinta de tudo o que já foi produzido.

Em entrevista com a BANTUMEN, definindo o seu trabalho, Angel afirmou que “música é história, música é como uma pintura. Não existe uma única forma de arte musical, mas uma miríade de diferentes formas de fazer música e isso é arte. Tudo pode ser misturado, conectado e os géneros musicais não têm de estar separados uns dos outros”.

Desde a sua infância que Angel ouve géneros musicais diferentes e realmente acredita que a separação da música por géneros é apenas uma categorização de algo maior, mais dinâmico, que não pode ser simplesmente isolado, devendo ser interligado e visto como algo muito mais completo e conectado. Tendo o seu pai como uma grande fonte de inspiração, a artista admite que foi a partir dos vários discos dele que foi tendo esta visão de um mundo musical mais completo que não se divide.

Os trabalhos de Angel Bat falam por si próprios. A artista disse-nos que, antes de compor uma nova obra, um trabalho de pesquisa é feito previamente para obter um conhecimento considerável histórico sobre um tema específico e só então é que compõe algo musical completamente novo e desafiante. As suas novas músicas, que se inserem no álbum Requiem for Jazz, são prova desta visão completa e integrada dos géneros musicais e principalmente da novidade experimental que caracteriza as suas composições. “Requiem é uma cerimónia religiosa feita aos mortos. O Jazz morreu no final dos anos 60, tendo de se adaptar a novas realidades da época, então resolvi criar uma cerimónia religiosa para o Jazz para que ele seja celebrado”.

Com a sua música, Angel afirma ter também como objetivo falar por comunidades que estão sub-representadas, como as comunidades negras. Ela acredita que algumas coisas precisam ditas e que nem todas as pessoas sabem como encontrar a sua voz. Angel propõe-se assim a ser uma voz ativa por meio das suas composições e do seu ativismo social inerente à sua arte. “Eu quero acabar com os estereótipos. A melhor forma de fazermos a diferença é a de sermos consistentes no nosso trabalho e não cedermos a uma ideia, quando sabemos que essa ideia está errada. Temos de fazer as pessoas se sentirem desconfortáveis com o seu preconceito, com o seu racismo, com os seus padrões estruturais que só criam discriminação, ódio e violência. O sistema tal como existe agora tem de ser destruído, tem de desaparecer!”.

Não aceito menos do que aquilo que sei que pagam aos artistas brancos

Angel Bat

Angel falou-nos que o seu percurso, enquanto mulher negra artista, tem sido bastante tribulado, desde a infância. Passou por várias situações de desvalorização das suas capacidades, das suas ideias, tendo-se cruzada com vários profissionais que não sabiam como lidar com questões de maquilhagem e de iluminação no que toca às sessões de fotografia. “Várias agências tentaram economizar dinheiro comigo como se eu valesse menos do que outros artistas, apenas por causa da cor da minha pele. Tive casos em que me disseram explicitamente isso. Eu não aceito menos do que aquilo que sei que pagam aos artistas brancos. Estou certa da qualidade do meu trabalho”.

Angel Bat Dawid vai estar na décima edição do “Tremor”, na Ilha de São Miguel, nos Açores, no próximo dia 1 de abril. Durante o festival, a artista promete fazer uso do seu ativismo social por meio de novas criações experimentais musicais.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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