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Jovens angolanos manifestam-se contra a brutalidade policial

Manifestação contra a violência policial Luanda
Manifestação contra a violência policial Luanda

Cerca de uma centena de jovens juntaram-se esta manhã, 11, em Luanda para apelar ao fim da violência policial na sequência das várias mortes associadas à atuação da polícia angolana desde o início da pandemia de covid-19.

Um grupo mobilizado pelo ‘rapper’ Brigadeiro 10 Pacotes sob o lema “Todos pelos Direitos Humanos. Não Toca no Meu Irmão” juntou-se cerca das 10h na Igreja da Sagrada Família pedindo a demissão do ministro do Interior, Eugénio Laborinho, e reformas na polícia, para que os cidadãos “em vez de terem medo, vejam a polícia como o protetor”.

Gritando palavras de ordem e distribuindo panfletos denunciando “atos bárbaros” contra o ativista Jorge Kisseque, alegadamente alvejado pela polícia, e o médico Sílvio Dala, morto no início de setembro, o protesto, um dos quatro que aconteceram em Luanda, juntou mais forças policiais do que manifestantes, com elementos da polícia antimotim, cavalaria e brigada canina atentos aos jovens.

Em declarações à Lusa, Brigadeiro Dez Pacotes, cujo nome verdadeiro é Bruno Santos, apelou à demissão do ministro da tutela e pediu escolas para formação da polícia, a fim de melhorar a cultura jurídica e pedagógica quando abordam os cidadãos.

“A polícia é um órgão que deve garantir a confiança do cidadão, hoje vivemos numa insegurança grave, em que todos os cidadãos ao depararem-se com a polícia têm medo, em vez de encararem a polícia como um protetor”, afirmou o ativista, pedindo “reformas” para que “a polícia seja amiga do cidadão”.

“A polícia não pode ser instrumentalizada para a manutenção do poder do MPLA e reprimir o povo” e “semear o medo”, criticou o ‘rapper’ angolano, que anunciou no início do ano a intenção de lançar um novo partido político.

Brigadeiro 10 Pacotes sublinhou que Angola ratificou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e que se está perante “um atentado” a esse tratado.

“Não vamos admitir um Estado que mata os seus cidadãos, que viola sistematicamente os Direitos Humanos, um Estado que ameaça, um Estado que aterroriza ao invés de proteger”, desafiou.

“As vidas angolanas importam”, lia-se num cartaz empunhado por um manifestante num outro protesto (“Não à brutalidade policial”) que começou pelas 12h junto do Clube 1.º de Agosto, numa alusão ao movimento ativista internacional que teve origem na comunidade afro-americana.

Cerca de 50 jovens, muitos vestidos de negro, concentraram-se neste local, exibindo cartazes caseiros onde pediam “Parem de nos matar” e “Basta de mortes! São pagos para proteger não são pagos para matar”, enquanto outro exigia “Laborinho [ministro do Interior] fora”.

A marcha “Não à Brutalidade Policial” seguiu até ao Largo das Heroínas, onde terminou com a leitura de um discurso sobre os direitos humanos.

Israel Campos, jornalista e um dos membros organizadores da manifestação, explicou o processo de preparação começando por dizer que a organização em destaque não tem um nome. São “simplesmente jovens independentes e amigos, que sentámos e decidimos fazer qualquer coisa em resposta aos últimos casos de brutalidade policial que o país tem registado”, aos quais se juntaram outros jovens, nomeadamente Arcanjo, Tchissola Figueiredo, Loureço Mussungo, Aurea Cadete e outros.

“É importante que o povo entenda, que quem vai mudar o país, não são só as figuras públicas, não é só partido político X ou partido Y, muito pelo contrário, o que tem se demonstrado, é que estamos também organizados. Nós, os cidadãos, não precisamos esperar os partidos políticos, os famosos, os cantores para fazer as coisas. Nós temos o nosso poder”, sublinhou.

Em Luanda decorreram quatro manifestações: uma de caráter político, de apoiantes do PRA-JA Servir Angola, projeto partidário de Abel Chivukuvuku, que estão contra a atuação do Tribunal Constitucional. As outras três contra a violência policial, incluindo uma convocada pelo Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (Sinmea) depois da morte do pediatra Sílvio Dala.

No dia 1 de setembro, o médico foi conduzido a uma esquadra policial por não usar máscara facial no carro e morreu em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Desde o início da pandemia, mais de uma dezena de pessoas perderam a vida na sequência de intervenções policiais para obrigar ao cumprimento dos decretos presidenciais com as medidas que vigoraram no estado de emergência e agora na situação de calamidade pública, nomeadamente o uso de máscara facial.

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