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ZenGxrl lê o público e entrega exatamente o que ele quer

ZenGxrl em entrevista para a BANTUMEN, nos Açores / Foto: BANTUMEN
ZenGxrl em entrevista para a BANTUMEN, nos Açores / Foto: BANTUMEN

Recentemente falamos com a deejay ZenGxrl, sobre a música que faz, a agenda em constante crescimento, a participação em novos projetos e ainda da sua atuação no Festival Tremor, nos Açores. Filha de mãe portuguesa e pai angolano, horas antes de ZenGxrl subir ao palco para animar a festa, tivemos a oportunidade de conversar e saber mais sobre o que tinha preparado, as suas influências e a herança musical angolana, bem como a importância da mistura cultural que traz consigo.

Normalmente, para os DJs, o mais seguro é levar um set previamente preparado para tocar numa festa. No entanto, há quem goste de arriscar, preferindo estudar o público enquanto toca as primeiras faixas, como é o caso de ZenGxrl. “Quando estou a tocar em frente às pessoas, tenho cerca de 10 minutos para entender um pouco como é o público, tanto em termos de música como visualmente”, explicou a DJ.

ZenGxrl em entrevista para a BANTUMEN, nos Açores / Foto: BANTUMEN

Ela acrescentou ainda que, “apesar de o meu som refletir bastante a minha angolanidade, passo por uma variedade de géneros musicais. Acho sinceramente que as pessoas têm uma abertura para ouvir qualquer estilo musical. Aqui, no Tremor, sinto a necessidade de encontrar um fio condutor mais underground para conectar com todos. Um dos meus objetivos é que o meu set seja mais underground, pois sinto que este festival é o lugar ideal para explorar essa vertente menos comercial.”

Muitas são as casas e eventos em que ZenGxrl é cabeça de cartaz, e este convite para o Festival Tremor veio confirmar isso, tornando-se num dos pontos altos da sua carreira. Este festival, que tem como objetivo celebrar a música, a arte e dar a conhecer um pouco mais da ilha de São Miguel, Açores, atrai um público diversificado, tanto de Portugal como de outros países, como Uganda, Japão, Reino Unido, Canáda, França, Amesterdão, entre outros, tornando-se no palco perfeito para a visão artística de ZenGxrl.

Quando recebeu o convite para tocar no festival, não o encarou da melhor forma, sentindo-se assustada, de uma forma positiva, por ser um festival em que não sabia bem o que esperar. Veio um dia antes para perceber melhor a dinâmica do Tremor e da ilha em si, e para estudar o público e a forma como reagiam às várias músicas.

Como mulher DJ negra e criadora de conteúdos, ZenGxrl tem feito parte dessa mudança. “Acho que mesmo quando eu fazia criação de conteúdo, chegava com alguma facilidade às marcas, algo que sei que era mais difícil para pessoas com um tom de pele mais escuro. Mas também sinto que talvez esteja a abrir espaço para outras pessoas”, desabafou a artista. “Fico sempre contente em saber que vou tocar a um sítio ou um evento, onde nunca chamaram um DJ de batida ou um produtor de batida e eu fui lá, mostrei esse estilo musical, claro, com outros estilos musicais e a partir daí, é uma porta para outras pessoas serem chamadas. No fundo, eu só quero que todos tenham mais acesso e espero também, com isto, estar a fazer um pouco a minha parte nesse assunto”, sublinhou.

ZenGxrl em entrevista para a BANTUMEN, nos Açores / Foto: BANTUMEN

Embora estejamos numa sociedade ainda patriarcal, as mudanças estão a acontecer, e as mulheres conseguem cada vez mais alcançar os seus objetivos, sejam eles pessoais ou profissionais. ZenGxrl não quer ser apenas a cara bonita que passa música, quer ser reconhecida pelo seu trabalho e pela forma como o faz. E faz questão de passar essa mensagem a todos com quem trabalha, desde os promotores de casas noturnas, eventos, festivais até marcas, deixando claro que não quer preencher apenas uma quota, mas sim receber convites de pessoas que reconhecem e apreciam o seu trabalho.

Para terminar esta entrevista questionámos a DJ sobre quem é ZenGxrl quando está a tocar, quando está a misturar. “Olha, para dizer a verdade, a Zen quando está a misturar está bem preocupada. Não sou nada zen (risos). Mas sinto-me em casa e conecto-me com as pessoas. Sinceramente, acho que é isso. Não sou zen, estou realmente preocupada, mas o sentimento que tenho, para além da preocupação, é de ver os sorrisos na cara das pessoas enquanto me veem misturar e ouvem a música, e isso preenche-me o coração. Por mais clichê que soe. Diria até que o meu objetivo na música é quebrar barreiras”.

Clica abaixo para veres a entrevista na íntegra.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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