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Yannick Fernandes: o empreendedor guineense que quer empoderar a comunidade

Yannick Fernandes / Foto: BANTUMEN
Yannick Fernandes / Foto: BANTUMEN

Costuma-se dizer que as pessoas é que são a alma do negócio e são elas que fazem as empresas. E esta é uma das frases que mais ecoa em todos os empreendedorismos que Yannick Fernandes – mais conhecido como Nick Personal – cria. Com 28 anos, este jovem guineense já criou mais de três negócios.

Tudo começou com uma marca de roupa, a Nick Personal Store, focada na comunidade guineense, em paralelo com uma barbearia/cabeleireiro, com o objetivo de empoderar a comunidade africana e os seus cabelos. E agora um mini mercado, o “Nickland”, com o propósito de suprir as necessidades básicas e alimentares, no concelho de Odivelas, em Lisboa, onde existe uma comunidade muito grande de guineenses e afrodescendentes.

Fomos visitá-lo ao seu mini mercado, um espaço pequeno mas acolhedor. O cheiro que se sentia lá dentro remetia a infância, o cheiro das especiarias que as mães e tias punham na comida, naqueles almoços e jantares de fim-de-semana que mais pareciam banquetes.

Yannick Fernandes no Nickland / Foto: BANTUMEN

“Este negócio, espaços particularmente para os nossos, é algo que não se vê tanto. No sentido em que possamos encontrar os produtos específicos que procuramos. Senti essa mesma necessidade quando abri o barbeiro/cabelereiro, o Personal Dreads Care, por não encontrar facilmente produtos que pudesse usar no meu cabelo, nas minhas rastas. Com este mini mercado, foi a mesma coisa. No que diz respeito a produtos alimentares tipicamente africanos, é muito dificil encontrares esses produtos nos outros mini ou supermercados tradicionais, em Portugal. Então, daí pensei, ‘olha, porque não?’. E pronto, tive também apoio do pessoal que eu consulto, porque tenho sempre muitas ideias, tive a aprovação deles e avancei”, explicou-nos o Yannick.

Com mais de três negócios criados, Yannick é um autodidata. Aprendeu sozinho a dominar várias competências, entre as quais a literacia financeira, essencial para gerir os seus negócios e garantir lucro, por mais modesto que seja. Oriundo de uma família humilde, aspirou à independência financeira desde muito cedo, motivado pela possibilidade de ter mais oportunidades do que os seus pais, por estar mais consciente e ser da geração capaz de alterar o curso das coisas. Nunca se conformou com um emprego das 9 às 18 horas e a necessidade de trabalhar por conta de outrem; a única solução vislumbrada foi criar o seu próprio emprego.

Contudo, antes de atingir este estágio, sempre que necessário, trabalhava onde pudesse e como fosse possível, para conseguir economizar dinheiro para os seus projetos futuros. Há mais de 10 anos que é trabalhador independente, dependendo exclusivamente de si mesmo e já proporciona emprego a outras pessoas nos seus negócios.

Yannick Fernandes no Nickland / Foto: BANTUMEN

“Todos os meus empreendimentos são dedicados à comunidade; ambiciono criar espaços para o bem comum. Este negócio em particular, o mini-mercado, embora se destine à comunidade, representa uma faceta mais capitalista. É a partir dele que sustento as minhas despesas e mais. Oferecemos produtos específicos dos PALOP, mas também dispomos de itens de consumo regular, apelando a um público mais amplo, incluindo portugueses e outros europeus. Dado ser um estabelecimento de bairro e de pequena dimensão, beneficia de um fluxo de clientes mais intenso, também graças ao nosso horário alargado. Assim, é essencial disponibilizar uma variedade de produtos que atendam às necessidades diárias, considerando o contexto do país onde estamos”, explicou

Nick vê a sua avó como uma conselheira imprescindível, recorrendo a ela sempre que precisa de opiniões ou mesmo de ideias. Em conjunto, analisam os desafios e procuram soluções. Valoriza imenso os conselhos que recebe e faz questão de também os dar. Enquanto homem negro, enfrentou numerosos desafios e obstáculos, mas manteve-se focado e convicto na sua capacidade de criar e estruturar um negócio de forma ponderada. Reconhece que os primeiros negócios que empreendeu não tiveram o tempo necessário para a sua estruturação, apesar de terem corrido bem. Agora, com mais experiência, está preparado para aplicar o que aprendeu com os erros passados em futuros empreendimentos.

Yannick Fernandes no Nickland / Foto: BANTUMEN

“Penso que evoluí bastante, mas reconheço que ainda tenho um longo caminho a percorrer. Se o meu crescimento tivesse seguido um ritmo mais constante, focando exclusivamente nos meus negócios, talvez estivesse num patamar superior. No entanto, sinto-me bem com o progresso alcançado; tenho uma equipa de seis pessoas a trabalhar comigo e estou bastante satisfeito com o meu desenvolvimento. Estou verdadeiramente feliz por mim mesmo, mas consciente de que há ainda muito por fazer. Por exemplo, gostaria de criar um espaço onde as pessoas possam vir para que possamos ajudá-las a desenvolver as suas ideias e fomentar o empreendedorismo a partir dessa base. Ou seja, aproveitar ao máximo as condições que temos e isso significa dar o melhor de nós próprios todos os dias”, concluiu.

Para o futuro, Yannick ambiciona e espera muito. Continua a sonhar, mas por agora, o mais importante é satisfazer as necessidades da comunidade. Deseja disponibilizar um espaço maior, uma espécie de concept store onde onde as pessoas possam adquirir produtos capilares e cuidar do seu cabelo, um comprar alimentos, roupas e outros itens essenciais, tornando-o um recurso valioso e de fácil acesso para a comunidade.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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