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“El Dilúvio” de Rei(naldo) Colombo

Reinaldo Colombo / Foto: BANTUMEN
Reinaldo Colombo / Foto: BANTUMEN

Parece cliché quando um artista diz que a música faz parte de si, desde sempre. Mas há casos em que é mesmo de berço, Reinaldo Colombo é um desses casos. Angolano, cresceu com música em casa. Desde Os Lambas aos SSP, primeiro através da dança e só depois como cantor, associou as duas coisas e começou a trilhar um caminho com que sonhou por muito tempo.

Já passou por algumas partes do mundo como Espanha, Reino Unido, França e Marrocos, mas é em Portugal que decidiu assentar raizes. Aí, fundou juntamente com o amigo Joel Ricardo o La Calle Studio, por onde já passaram nomes como Tekilla, Sam The Kid, Yuri da Cunha, Beatoven e tantos outros conhecidos do panorama musical lusófono.

Reinaldo é, sem dúvida, um daqueles cantores que se revelam de tempos a tempos. A sua música procura transformar a maneira como se aprecia música, começando pelos arranjos instrumentais e pela sua própria interpretação vocal. Traz uma abordagem inovadora, cantando em espanhol, português e inglês, e define a sua sonoridade como afro-latina, um nicho que deseja explorar, não só pela sua fluência em espanhol, mas também pela atratividade do mercado latino para um artista angolano.

“Mesmo que seja estranho [para as pessoas], acaba por ser diferente e único. Eu acho que isso até é espiritual, sinceramente. Não houve uma data definida em que disse que ia começar a cantar em espanhol. Simplesmente, estava na altura. Estava a aprender a língua e estava a fazer as minhas cenas da música e, naturalmente, aconteceu. Senti a cena do espanhol e então comecei a cantar em espanhol e ficou mesmo fixe. Depois, comecei a misturar também com o português, deu um up diferente, e foi assim. Não houve um momento específico, simplesmente aconteceu. E se bem me recordo, pelo menos a primeira música que fiz, cantei em espanhol também, já deve ter sido em 2019″, explicou-nos.

Reinaldo Colombo em entrevista para a BANTUMEN / Foto: BANTUMEN

Enquanto falávamos, Reinaldo Colombo mostrou-nos algumas das suas músicas, como “Chica Mala“, que fazem parte do seu primeiro grande projecto, El Dilúvio. O título surge inspirado no evento bíblico, um castigo decidido por Deus diante do mal produzido pelo ser humano.

“É um projeto que vem renovar. Porque, historicamente falando, o dilúvio foi a ‘manutenção’ do mundo, estás a ver? Então, no projeto musical, o propósito também é esse, é trazer essa manutenção sonora, para as pessoas. Uma vibe diferente, uma cena mesmo bem específica. É diferente por causa da sonoridade que trago. É espanhol misturado com português num ritmo afro-latino. Ou seja, estou a trazer tudo num mesmo pacote. Consigo incluir três coisas diferentes e que soam completamente diferente daquilo que já estamos habituados a ouvir”, garantiu Reinaldo.

O seu método de trabalho exige uma estratégia e estruturas assertivas, para que as pessoas o ouçam com calma e consigam perceber a sua narrativa. Muito do que canta é reflexo da sua realidade como do seu meio. Para Reinaldo é imperativo ter uma base emocional sã, que é a única forma que encontra para controlar o resto. Nem sempre é fácil, mas tem uma equipa que dá o suporte necessário e motiva-o a trabalhar mais.

Reinaldo Colombo em entrevista para a BANTUMEN / Foto: BANTUMEN

O El Dilúvio vai ser lançado por partes. Durante o todo ano vai lançar vários singles e no último trimestre o álbum estará “nas ruas”. Este trabalho, além de representar a evolução que sentiu desde 2019 até aos dias de hoje, representa também um encontro que teve com ele mesmo, de saber mais de quem é essa pessoa e qual o crescimento que estava a acontecer.

É possível que seja por isso que este trabalho seja tão singular. “Eu, Reinaldo Colombo, vejo-me como alguém genuíno, na minha própria esfera, diferente, não superior nem inferior a ninguém, simplesmente distinto. A minha música acaba por refletir aquilo que sou. Ao longo do tempo, à medida que cantava, ia descobrindo-me como artista. Foi quando me encontrei verdadeiramente que este projeto começou a ganhar vida. Todo o projeto surgiu nesse momento de transformação”, explicou Reinaldo enquanto apresentava-nos o seu próximo single.

O entusiasmo para criar música torna-se ainda maior quando tudo é criado desde o início por Reinaldo e pela equipa do La Calle Studio, pois acreditam plenamente no que estão a fazer e têm uma clara visão de como desejam abordar as coisas. Ao fugir um pouco da uniformidade musical, onde tudo tende a parecer semelhante, ou até mesmo idêntico, estando em Portugal e cantando em espanhol, já é por si só um diferencial, algo que Reinaldo procura intencionalmente. Isso leva-os a investir cada vez mais na qualidade das músicas e nos videoclipes.

Reinaldo Colombo em entrevista para a BANTUMEN / Foto: BANTUMEN

El Dilúvio também é uma ode ao amor, uma reflexão tanto para os solteiros como para os casais. Reinaldo acredita que, nos dias de hoje, tornou-se uma pessoa melhor: mais atenciosa, emocionalmente mais estável e romântica, tudo graças ao trabalho interno que desenvolveu neste projeto. “É uma consequência. Essa evolução é uma consequência, e esta consequência é positiva. Se a levas para a tua relação, tudo corre bem. Se a levas para a tua vida individual, igualmente tudo corre bem. Porque eu acredito que a vida é uma jornada de evolução, e quando nos transformamos para melhor, tudo se alinha. Imagina, o auge é algo incrível, seja no campo profissional, seja na música, é sempre algo muito positivo”.

Além disso, Reinaldo acrescenta que acredita que o propósito da evolução é alcançar o auge em todos os aspectos da vida. Contudo, destaca a importância do equilíbrio, pois reconhece que não é uma tarefa fácil. “Estou a falar, mas não estou a dizer que é fácil. É um trabalho árduo, mas é possível chegar lá. Realmente, é possível alcançar o auge, mas requer esforço e um processo contínuo”.

Após o lançamento de El Dilúvio, Reinaldo pretende continuar a explorar e a aperfeiçoar a sua sonoridade. Para o artista, é crucial que as pessoas primeiro ouçam o álbum para compreenderem o que é e quem é Reinaldo Colombo. “Depois, vão começar a questionar-se sobre o que é que este tipo vai trazer a seguir”, afirma o artista angolano, garantindo que nos próximos trabalhos poderemos esperar uma continuidade na mesma linha sonora, e muito mais.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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