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Fyl Cap, um “Punho de Ferro” de e pela Guiné Bissau

Fyl Cap | DR

Fyl Cap, o defensor das crianças como é conhecido por muitos, está prestes a lançar o seu primeiro álbum. O artista, compositor e professor de canto guineense, a viver atualmente no Brasil, lançou recentemente dois singles (“N’tessu” e “Mariama”), que abrem os trabalhos do disco Punho de ferro”, a sair brevemente.

Em entrevista à BANTUMEN, o rapper e professor de canto no Brasil, desde 2020, destaca que o disco que vem aí serve para reacender o espírito patriota guineense. “Com este álbum pretendo reativar o espírito guerreiro e patriota guineense, lutar por um país melhor, mostrar aos mais novos que é possível chegar onde quisermos. A prova disso sou eu. Passei por muitas dificuldades desde que saí da Guiné-Bissau, mas nunca dei costas à luta. Devemos acreditar sempre e entender que grandes guerreiros vieram de baixo e conquistaram os seus lugares. E as dificuldades são para superar”, explica o artista.

“A minha jornada não foi fácil. Longe de casa e da família a vida é outra. Cheguei a desligar de uma das coisas que mais amo neste mundo, que é a música, para ter tempo para fazer outros trabalhos e manter-me. Até chegaram a rolar boatos que fui preso aqui no Brasil por tráfico de drogas. Isso mexeu comigo, mas não me fez desistir de lutar para conquistar os meus sonhos. Usei aquela situação como combustível para continuar atrás dos meus objetivos”, remata Fyl-Cap.

Conforme o artista, musicalmente, vai beber um pouco à fonte das suas raízes musicais guineense, sem perder a vertente Hip Hop que caracteriza a sua música e o torna um dos artistas mais queridos da Guiné-Bissau.

“Às vezes quando pretendes atingir um certo público é preciso ir ao fundo conhecer a realidade da comunidade para poder relatá-la melhor. Sou guineense, trouxe a realidade cultural do meu povo para o disco, são ritmos que têm ligação com a minha cultura. Também teremos afrodrill, trap, fusão entre hip hop e reggaeton e mais coisas do cenário musical atual”, diz-nos Fyl-Cap.

“O álbum vem com um rosto daquilo que é habitual no campo de música hoje em dia, ritmos de momento, mas sem perder a minha essência que é educar e conscientizar a sociedade”, sublinha Fyl Cap.

Punho de Ferro terá dez faixas, mais uma de bónus e conta com participações de artistas e produtores de referência na cena nacional e internacional. Alguns produtores brasileiros que já trabalharam sucessos de muitos artistas, como Ludmilla, Rincon Sapiência e MC Poze do Rodo.

A capa do álbum foi desenhada pelo designer guineense Cláudio Rumal e representa um personagem guerreiro, resistente que espelha a jornada de evolução, resiliência e superação de Fyl-Cap nestes 16 anos de carreira.

Em 2009, o artista ficou entre os oitos melhores no Festival Bissau em Cena, realizado pelo Centro Cultural Francês, seguindo-se o segundo lugar no Festival Cerveja Cintra, realizado na Guiné-Bissau, no ano seguinte. Em 2011 foi eleito o Melhor Rapper no seu país.

No seu palmarés, Fyl coleciona ainda o 8.º do Festival de Música e Poesia do Imigrante em São Paulo 2019, no evento organizado pelo Centro de Apoio e Pastoral do Migrante. A letra da canção de Fyl-Cap questionou a insensibilidade da humanidade diante das tragédias quotidianas que afetam os migrantes em travessias. Mais recentemente, em 2022c Fyl homenageado no evento Black Awards Music, como um dos artistas africanos mais destacados no Brasil.

Fyl-Cap é o nome artístico de Feliciano Correia Djú. Músico e ativista que luta pelos direitos das crianças, acredita que a educação é chave para a libertação. “Elas são o futuro, é preciso cuidar bem delas, proporcionar-lhes boa educação para serem pessoas dignas amanhã. Todos nós já fomos crianças e alguém um dia defendeu-nos e mostrou-nos o caminho certo para estar onde estamos atualmente, então lutar para o bem das crianças deveria ser prioridade de todos nós,” finaliza o rapper.

O artista já partilhou palco com nomes sonantes da música guineense e brasileira, em inúmeros espetáculos e festivais, como Zé Manel, Patche de Rima, Rui Sangara, Binhan Quimor, Miguelinho N’simba, Eneida Marta, Rincon Sapiência e Gog, um dos pioneiros do Hip Hop Brasileiro.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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