No dia 15 de março, Mota Jr foi dado como desaparecido pela família. Até hoje, pouco ou nada se sabe sobre o que lhe poderá ter acontecido.
A mãe, Filomena Mota, esteve em entrevista num programa televisivo português e contou o que se passou no último dia em que viu o filho, sábado 14 de março.
“Os concertos que ele tinha foram cancelados [devido ao coronavírus] e ele estava um bocadinho preocupado, até porque tinha gasto muito dinheiro com o CD que ia lançar e os videoclipes que tinha gravado. À tarde veio um amigo ter come ele, ficaram no quarto a ouvir música. Ele jantou lá, e às 21h30 fui lá ao quarto dizer que me ia deitar, para eles falarem mais baixo.”
Filomena continuou, dizendo que a última vez que viu David eram 22h, quando o filho foi ao seu quarto perguntar porque havia tanta gente nas janelas a fazer barulho. Era a hora em que as pessoas aplaudiam em reconhecimento pelo trabalho dos profissionais de saúde pelo combate ao coronavírus.
“Ele disse-me ‘olha que se calhar isto do coronavírus é mais grave do nós pensamos e está a afectar muitas pessoas'”.
Às duas da manhã, a mãe do rapper ouviu a porta de casa a fechar e pensou que fosse o amigo a ir embora. Entretanto, uma vizinha liga-lhe a perguntar se estava tudo bem e pelo filho mais novo. Filomena foi ao quarto do jovem de 28 anos e foi aí que percebeu que ele não se encontrava em casa.
No hall de entrada do prédio estavam o seu chapéu e chinelos, e vários pingos de sangue no elevador, “como se tivesse levado murros e tivesse ficado a pingar do nariz”.
A Polícia de Segurança Pública foi chamada ao local. “Disseram que não podiam fazer nada porque não sabiam se aquele sangue era do David ou se poderia ter sido o David a bater em alguém.” Entretanto, uma rapariga ligou para o telemóvel de Mota e explica o que terá eventualmente acontecido. Ela ia a entrar com Mota no prédio, chegaram dois homens encapuzados, apontara uma arma à cabeça da jovem e mandaram-na embora.
A família do rapper pediu-lhe para irem à esquadra contar o que aconteceu, mas a rapariga terá negado e dito que ia dormir por estar “ansiosa”.
A Polícia Judiciária, órgão competente para investigar este tipo de casos, foi entretanto accionada. Chegados ao local, insistiram para que a família acompanhasse os agentes para irem prestar declarações.
“Nós não queríamos ir porque o David tinha uma mala a tiracolo, onde tem as chaves de casa, do carro, os documentos e ao irmos a casa ia ficar sem ninguém. Liguei à minha vizinha e pedi-lhe para ir vendo se via algum movimento”.
Enquanto a família se encontrava fora, alguém entrou no apartamento e roubou o dinheiro e ouro que pertenciam a David. “Só especificamente isto. Foram lá exactamente. Quando entrei em casa, por volta do meio dia, a porta estava só no trinco.”
Das autoridades, a única coisa que se sabe é o apelo feito para não serem partilhadas informações nas redes sociais, por forma a não atrapalharem as investigações.
A mãe continua a acreditar que vai voltar a ver o filho, apesar de equacionar as duas resoluções possíveis deste caso. “Eles vinham só para roubar e o David fez-lhes frente e abandonaram-no nalgum lado. Ou por outro lado, faço todos os dias orações para que ele apareça são e salvo, talvez ele consiga dar a volta aos bandidos que o têm nalgum lado. Agarrei-me sempre à melhor hipótese”.
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