Israel Campos apresentou e autografou o seu primeiro romance oficial E o Céu Mudou de Cor, na livraria Leya, em Lisboa, nesta quarta-feira, 22.
A noite foi marcada pela música de Kizua Gourgel, nos intervalos da apresentação, na presença de familiares, amigos, jornalistas, escritores e universitários.
Uma massa juvenil preencheu a sala com entusiasmo, questionamentos e curiosidades sobre a obra do promissor jornalista angolano, eleito em 2021 uma das 100 Personalidades Mais Influentes da Lusofonia, pela PowerList100 da BANTUMEN.
Para o evento, Israel Campos montou um plantel formado pela arquiteta Maria João Telles Grilo, o jornalista João de Almeida e o ativista Sedrick de Carvalho, uma das figuras do célebre caso “15+2”.
Maria João, a primeira interveniente, começou a fala apontando as lacunas estruturais flagrantes na metrópole que é Luanda. Sem esgotos, sem uma lógica de construção das habitações privadas, sem museus, sem teatros, sem parques desportivos. “Uma cidade só se define pela parte pública, nunca pela parte privada”, , disse a arquiteta.. Assim, Luanda, terra onde se desenrola grande parte dos cenários do livro, é insistentemente chamada de “aglomerado” ou “vila grande”, mas nunca de cidade como tal.
Bom dia! Este foi o cenário do primeiro lançamento do “E o Céu Mudou de Cor” na LEYA na Buchholz em Lisboa. Sem palavras. Muito obrigado aos presentes pelo carinho! Que momento memorável! 📚📖📸 #EoCéuMudouDeCor ✏️🖋 pic.twitter.com/Bh2oUurVvO
— Israel Campos (@ICampos2000) February 23, 2023
Depois, foi a vez de João de Almeida, que citou o icónico símbolo angolano trazido do Leste, “O Pensador”, como sinónimo de uma certa esperança, apenas por lhe ter sido entregue o direito a pensar. Para o jornalista, que define a obra como um “livro de angústias”, a palavra esperança, tem diferentes significados para diferentes contextos. E assim, a esperança que habita o consciente dos luandesses, às vezes não migra para tão distante do “quem dera haja luz quando voltar a casa”.
Aos poucos, o evento e as falas dos intervenientes foram revelando a questão central que nos revela a narrativa do E o Céu Mudou de Cor: o futuro do futuro.
Sedrick de Carvalho indicou que Israel Campos trouxe bocados de si enquanto jornalista, e transformou o livro, não apenas num mero romance, mas num “registo de várias reportagens”. Nas palavras do autor, indiscutivelmente, o livro passa muito próximo dos 15+2, por foram sancionados por um regime por ler, pensar e sonhar.
é com muita honra que posso finalmente divulgar a capa do meu primeiro romance com a chancela da @LivrariaK. Agradeço a sempre querida Alexandra Simeão pelo carinho da amizade e pelo prefácio tão bem pensado, sentido e elaborado… em Fevereiro, #eocéumudoudecor 📚📖🎈 pic.twitter.com/oB1swrvpRY
— Israel Campos (@ICampos2000) February 1, 2023
Na obra, Israel trouxe à vida personagens que desobedecem ordens superiores e são severamente sancionados pelo regime vigente. O autor conta que o “atrevimento” de escrever este livro foi na perspectiva de criar uma “plataforma de discussão” para “reivindicarmos o país que temos”, pois “cada geração tem a sua responsabilidade histórica” e a da sua geração passa por “forçar a reflexão” na tentativa de “humanizar o outro”.
Israel Campos disse ainda aos leitores e demais presentes na sala que a sua pretensão não é a de ser “a voz da juventude” mas sim, ser “uma das vozes” que contribui para o futuro do futuro.