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Moyah, o poeta moçambicano do Festival da Canção 2023

Moyah
DR

O Festival da Canção, certame que apurará a música que representará Portugal na Eurovisão, tem um poeta moçambicano: MoYah, com o tema “Too much sauce”.

A canção com letra, de MoYah e Miguel Gutierrez e composição de Kensaye e Moyah, foi um dos cinco temas selecionados por livre submissão, num universo de 667 canções.

O autor Mário da Barca, conhecido como MoYah, terá a sua performance na primeira semi-final, no dia 25 de fevereiro. No dia 4 de março, será a segunda semi-final, com outras dez canções, das 20 selecionadas para o concurso e no dia 11 a grande final em Lisboa, seguindo-se em maio, o Festival Eurovisão em Liverpool, Inglaterra.

O rapper, curador artístico e educador, que na canção se apresenta como Craveirinha, – “sou Craveirinha neste conto”, numa clara alusão ao poeta moçambicano José João Craveirinha, considerado o poeta maior de Moçambique que, em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa -, afirma ser uma honra e benção participar e o deseja querer ultrapassar os limites do concurso. Nesta edição de 2023, é o único artista moçambicano e com a única canção de estilo Rap/Hip Hop com Afro Fusion e referências a África.

E se de referências falamos, “Too Much Sauce” é uma música bilingue (inglês e português) com várias citações, palavras ou pequenas frases, que desconstruídas trazem diferentes assuntos, pertinentes no percurso do artista, como de interesse geral, e numa perspectiva afro-centrada. Como por exemplo: Shaka Zulu, o conhecido rei Zulu – de ascendência do atual povo Zulu na África do Sul – que formou um império de resistência aos intentos coloniais britânicos; Vasco da Gama, Chiado, a era das descobertas, o Romantismo Português e o estado atual do país. Ou ainda a “felicidade de um refugiado” em referência à questão humanitária dos refugiados e à sua experiência de guerra (em Moçambique) e deslocamento que é usada para encorajar uma coesão comunitária mais profunda e ativismo artístico; “Turn their back on a life of sin” (virar as costas para uma vida de pecado), sendo que o rapper também é um premiado programador de artes inter-religiosas e frequentemente faz curadoria de projetos para refugiados e requerentes de asilo, bem como uma variedade de ações sociais e eventos artísticos para desintegrar estereótipos entre diferentes religiões.

Too much sauce, – uma expressão da gíria utilizada para elogiar algo ou alguém com muito estilo, boa vibe, carisma, “é uma canção de empoderamento para todas as pessoas; para que quem ouça se sinta bem e acredite que tem uma boa energia e luz que deve brilhar. É também uma canção especialmente dedicada a pessoas com falta de crença em si, que não se sintam representadas ou aceites, como eu já me senti”, diz MoYah. Deixando assente um passado inspirador de reis e rainhas: “Believe our legacy is royal” (acredita, nosso legado é de realeza).

MoYah nasceu em Moçambique, em plena Guerra Civil Moçambicana, também conhecida como Guerra dos Dezasseis Anos (pela sua duração), foi como refugiado político para Lisboa, Portugal, onde cresceu, antes de se mudar para Londres, Reino Unido.

Inspirado pelo amplo gosto musical de seus pais e pelo impacto da música Rap enquanto morava em Portugal, rapidamente aprendeu que a música poderia ser usada não apenas para entretenimento, mas também como uma ferramenta poderosa para auto-conhecimento e expressão social, levando-o a escrever sobre questões relacionadas à identidade, injustiças sociais e espiritualidade na perspectiva de uma criança da diáspora africana.

Entre várias colaborações e grupos, destacando-se o duo londrino Native Sun, do qual era membro, na mudança de residência de Londres para Bristol, que também redireccionou a sua música. Há dois anos, assumiu MoYah como nome artístico e a carreira a solo, da qual destacamos o single “Praise”.

O som de MoYah é uma amálgama perfeita de letras de rap positivas, edificantes e contundentes sobre Afro-Beats de alta energia, Trap e sons alternativos de ritmo acelerado, tendo-se apresentado na Europa, EUA, América do Sul e continente africano, compartilhando palcos de festivais com artistas como Nas, África Bambaataa & Talib Kweli.

Em 2021, foi nomeado Embaixador do Hip Hop do May Project Gardens, uma organização popular premiada com sede em Londres que capacita grupos marginalizados para lidar com a pobreza, falta de poder e acesso a recursos e influência.

Em 2022 foi nomeado Head of Social Impact da ACORDAMÚSICA, uma casa de produção artística e composição de canções com propósito filantrópico com sede em Portugal e nos Emirados Árabes Unidos, e que enquanto label o representa em Portugal.

Para 2023, outros eventos se aproximam. O próximo a ressaltar é o do dia 9 de março, no MusicBox Lisboa. Um espectáculo apresentado por MIGUTI, na estreia do primeiro EP do movimento ACORDAMUSICA, com Nayr Faquirá, Osvaldo Vicente, Vizinho e DJ Gomez, que para além de um momento de sonoridade eclética, será “uma noite de empoderamento, equidade, amor e impacto social” – refere a produtora.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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