Marlene Tavares, mais conhecida por Nenny, tinha 17 anos quando lançou o seu primeiro projeto musical, o EP Aura (2020). Devido à pandemia e às restrições contra a Covid-19, a artista não conseguiu fazer uma tour com esse projeto, como sempre desejara.
Dois anos depois, finalmente, Portugal pôde voltar a uma nova normalidade, com a reabertura dos espaços públicos e dos eventos de massas. Se em 2019, Nenny esteve no festival para assistir aos seus cantores favoritos, este ano, a artista teve a oportunidade de subir ao palco e “matar a fome” de concertos dos seus próprios fãs. A BANTUMEN aproveitou a oportunidade para conversar com a artista e perceber como têm sido estes últimos tempos para a sua carreira.
Todos pensaram que a artista não iria chegar a tempo de atuar, visto que, horas antes, esteve em concertos por Cabo Verde, mas de tão resiliente que é, chegou e fez acontecer.
”Nenny, está agora, em 2022, a fazer a tour do EP, e “está a dar muito certo. Todos conhecem os sons e vibram e é importante transmitir cada aura, cada personalidade, então acho muito dope. Faço isto por mim, mas também por muita gente”, explicou-nos.
O que a deixa mais feliz é que, após dois anos desde o lançamento do EP, as pessoas não se esqueceram das músicas e cantam tudo, não só os hits, mas todo o projecto. ”As pessoas não se esqueceram e continuam a gostar dos sons, é uma sensação incrível. Estou a sentir o público com bué energia, nem sei descrever. Eles cantam tudo, é uma cena que eu não estava à espera, que vibrassem assim tanto.
Sobre a atuação no festival, a artista revela que é uma concretização. “É uma grande honra estar aqui. Estive n’O Sol da Caparica em 2019, para ver Mishlawi e Plutónio, e agora estou aqui a atuar, tás a ver? É uma emoção bué grande, o mundo dá voltas e deu certo para mim”, confessou.
Com tudo o que tem acontecido, Nenny teve espaço para crescer, tem visto tudo como um aprendizado e tem-se focado em si, no seu crescimento pessoal e na música. A carreira corre-lhe bem, embora não imaginasse que fosse tudo acontecer de forma tão rápida, desde que lançou “Sushi” em 2019.
A pandemia permitiu-lhe escrever mais músicas e fazer o que mais gosta e tudo o que aborda na sua música é reflexo de si mesma, da sua personalidade e do que vive. ”Tudo o que faz parte de mim, tento transmitir às pessoas e as coisas que senti, como ansiedade, quase caí numa depressão… e as cenas que curtia que abordassem comigo e viessem informar-me sobre esses temas, é aquilo que quero transmitir às pessoas e acho bué importante abordar, informar, o porquê de se sentirem assim. Porque eu senti-me bué vezes sozinha e ninguém sabia dizer-me o que era.”
”E acho bué importante passar essa mensagem às pessoas, dizer: ‘olha, tu não estás sozinha, tu não estás sozinho, vocês não estão sozinhos’. Então é bué importante para mim abordar isso tudo, porque também faz parte de mim”, concluiu.
Como toda a gente, Nenny tem um sonho, um desejo. Através da música, conseguir “mudar vidas e mentalidades, em cada verso, em cada estrofe, em cada refrão e fazer com que as pessoas levantem a cabeça e dêem o melhor de si, sempre. Quero usar a música como terapia.”
Perguntamos à artista para quando o lançamento de um álbum, mas parece que ainda teremos de aguardar por novidades. “Sem expectativas, o que vocês podem esperar é uma Nenny mais crescida, não tão criança como no EP, mas é uma Nenny em transição pré-adulta e acho que as pessoas vão gostar bué”.
Wilds Gomes
Sou um tipo fora do vulgar, tal e qual o meu nome. Vivo num caos organizado entre o Ethos, Pathos e Logos – coisas que aprendi no curso de Comunicação e Jornalismo.
Do Calulu de São Tomé a Cachupa de Cabo-Verde, tenho as raízes lusófonas bem vincadas. Sou tudo e um pouco, e de tudo escrevo, afinal tudo é possível quando se escreve.