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O vídeo de “A Luta Continua”, de Xullaji, já saiu e é uma obra de arte transcendente

Xullaji | DR
Xullaji | DR

Xullaji acabou de lançar o vídeo do seu manifesto “A Luta Continua”. Com a participação de Tristany, o projeto sonoro e visual é uma obra de arte que vais, involuntariamente, ver e rever até os teus olhos e ouvidos compreenderem e assimilarem o peso cultural da peça.

Com um sample de “A Luta Continua”, do disco Matudi Ua Ufolo (1975), do cantor angolano David Zé, a música mistura uma espécie de kuduro eletrónico que se funde com uma base de funaná e que cheira a trap, ornamentada com as vocalizações psicadélicas de Tristany.

Nos primeiros segundos do vídeo, sentimos a pele arrepiar com uma representação visual da escuta da última mensagem de Amílcar Cabral. Num salto visual alternado entre o passado e o presente, vamos ouvindo o líder do PAIGC: “A hora é de ação e não de palavras. Paz e liberdade e felicidade para todos os homens (…) Nada poderá evitar que o nosso povo africano, dono do seu próprio destino, dê esse passo transcendente e decisivo para a realização fundamental da nossa luta…”

A mensagem data janeiro de 1973, dias antes de Cabral ser assassinado, e foi transmitida pela Rádio Libertação, que o panafricanista e pai da libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde chamava Canhão de Boca.

“O tema é um multiverso sónico que conta com a participação de Tristany, que acrescenta mais latitudes à viagem. O princípio que guia a letra é o de que o colonialismo não acabou e, como tal, a luta também não. Esta estende-se no tempo e no espaço, do mato onde se travou a guerrilha nos anos 60/70 para o mato de cimento das colónias da ainda metrópole ou cidades africanas continuamente fustigadas pelo colonialismo e as suas mazelas”, podemos ler no comunicado enviado à redação.

O vídeo é mais uma colaboração artística entre Prétu e Mónica de Miranda e reflete a não linearidade do tempo e espaço e do conceito de História. Com este trabalho, o artista quis passar os movimentos de libertação como uma ação contínua e permanente, em diferentes dimensões temporais e espaciais, em vez de remetê-los para um momento congelado e isolado da suposta História.

“A Luta Continua” coloca ainda a diáspora africana como mais um “mato” dessa luta, sendo grande parte dessa diáspora resultado direto do “estupro de África e seus recursos”, conforme podemos ler no comunicado enviado à redação.

Ao contrário do que aconteceu nos álbuns anteriores, no projeto Prétu, Xullaji produz a totalidade da sua música a partir de um universo de samples que sempre tiveram ressonância em si ou que fazem parte das suas memórias de infância.

Os seus sons são também o processo de procura por música africana politicamente engajada. Além disso é uma tentativa de emancipação rumo a outras cosmovisões de luta contra a opressão. Aos samples, junta programações com influências da música eletrónica africana. É uma conversa consigo e com a sua comunidade, onde se propõe matar o preto ou a preta que a prática colonial e racista construiu. A intenção é dar lugar ao nascimento de uma “reafricanização do espírito”. Uma entidade de outro futuro possível. Entidade a que Amílcar Cabral chamou o “novo homem e mulher africanos”. Entidade que nasce de um grito semelhante ao de James Baldwin em “I’m not your negro”.

A música está disponível nas plataformas digitais e no YouTube.

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