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Paulina Chiziane lança nova ópera, “Livaningo”

Paulina Chiziane | ©Chairman
Paulina Chiziane | ©Chairman

No cenário artístico moçambicano, a renomada escritora Paulina Chiziane transcende as fronteiras das palavras escritas para dar à luz uma nova expressão musical que ecoa mensagens de concórdia e reconciliação. A autora tem-se aventurado pelo universo da ópera e acaba de lançar a música “Livaningo”, que significa “luz” na língua Chope, falada principalmente no sul de Moçambique.

“Livaningo” é um apelo à concórdia entre a família e um convite à reflexão interna e à procura de soluções. Motivada por uma profunda compreensão da natureza humana, Paulina Chiziane aborda a tendência de culpar os outros por problemas que nos afetam, ao invés de reconhecermos a força transformadora que reside dentro de cada um de nós. A música é um alerta para quebrar essa barreira mental e encontrar a luz interior que capacita cada um a gerir as suas vidas e a traçar os seus próprios destinos.

A ressalvar que, Paulina Chiziane rompe com as concepções e validações brancas sobre estilos ou géneros musicais. A sua ópera é inigualável, com uma composição, interpretação e musicalidade muito próprias, a que intitulou Ópera Msaho.

O tema, além de encaixar-se na narrativa da sua ópera “Msaho“, dedicada ao passado, presente e futuro de África, como também ecoa uma chamada de atenção universal para a autoconsciência e a responsabilidade pessoal. Através de momentos de sofrimento histórico, como a escravatura e o colonialismo, Paulina Chiziane destaca a capacidade dos antepassados de acederem a essa luz interior e trilhar caminhos que levaram à liberdade. A mensagem é clara: onde há problemas, também existem soluções, todas enraizadas na nossa própria jornada de autodescoberta.

Numa curta conversa, Paulina Chiziane explica-nos como esta produção musical é uma colaboração sincera com jovens talentosos e promissores que procuram uma oportunidade. Sem a restrição de um grupo fixo, a artista celebra a liberdade de trabalhar com diferentes mentes criativas, criando um ambiente onde as trocas geracionais e a sabedoria do tempo se entrelaçam. O resultado é uma expressão artística única que transcende rótulos e géneros.

O que a motivou a criar “Livaningo”?

Muitas vezes, olharmos para os outros como a fonte dos nossos problemas mas esquecendo ou ignorando que o problema e a solução pode estar dentro de nós. Cada pessoa que vive um problema também vive a solução. É uma chamada de atenção para que cada um descubra que todos nós somos o problema e somos a solução e as melhores soluções são aquelas que vêm de dentro. É essa luz interior que a pessoa deve ter para saber gerir a vida e os seus passos.

Este tema faz parte da ópera “Msaho”?

O tema faz parte da ópera, que é dedicada a África passado, presente e futuro e, tanto no passado como no presente e como no futuro, estamos a lidar com seres humanos que devem reconhecer que dentro deles a luz existe e o passado nos traz esta experiência maravilhosa. No meio do sofrimento, na escravatura e no colonialismo, os nossos antepassados acederam à luz interior e trilharam caminhos que nos conduziram à liberdade. Então, esta é uma experiência de vida que temos que levar connosco. Onde há um problema, há sempre uma solução.

Podemos falar de uma metamorfose da Paulina, dos livros para os discos?

Não há metamorfose, existe simplesmente uma unicidade. A arte é a essência, o resto são diferentes expressões. Eu posso expressar-me via literatura, via música, via artes plásticas… Não pode haver fronteiras entre as diferentes artes e, digo mais, uma boa música precisa de um bom texto e um bom texto, para ser escrito, precisa de uma boa inspiração de uma boa música. Normalmente, quando escrevo, tenho uma música de fundo, aquela música que me vai inspirar e ajudar a caminhar. Portanto, não há fronteiras e, por não haver fronteiras, não há metamorfose também. Existe sim uma expressão humana, uma expressão holística da humanidade.

Fale-nos da produção musical em si. Com quem tem trabalhado e como está a ser esse processo de criação musical?

Não tenho nem grupo, nem banda, nem nada. Não quero nada disso. Simplesmente, quero liberdade para quem tem bom coração e quer participar deste caminho. Interessante que, tenho estado a trabalhar com diferentes pessoas, não tenho um grupo fixo. Estou a usar a música como espaço para divulgar os meus textos. Tem sido um trabalho afetivo com os jovens talentosos que procuram uma oportunidade. Eles têm a sabedoria do seu tempo e, é preciso vincar, eles trazem mais-valia para o meu trabalho.  Trocamos impressões sobre vários temas, impressões geracionais e tem sido enriquecedor.  

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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