Paulina Chiziane, escritora moçambicana e vencedora do Prémio Camões 2021, vai apresentar um espectáculo de ópera africana, esta sexta-feira, 10, no Centro Cultural da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo.

O concerto intitulado Msaho, é uma ópera africana inspirada pelo seu livro de poesia O Canto dos Escravizados, com o objetivo de mostrar as valências culturais moçambicanas. Com vista a quebrar o tabu, de que em África não há ópera, o espectáculo vai reunir várias manifestações artístico-culturais, como canto, dança, teatro e poesia para ilustrar a história de opressão e libertação do povo africano ao mesmo tempo.

“É tabu de pensar que África não tem ópera ou que os moçambicanos não têm ópera. Ópera é uma manifestação cultural, assim sendo, todos os povos têm ópera. Quero quebrar esse tabu”, explicou a autora.

Para este evento, Paulina Chiziane estabeleceu uma parceria com a Banda M’Laio, que investiga modelos de valores e comportamentos através da música, dança, teatro e poesia, e que vai atuar com o concerto UBUNTU, nome inspirado na filosofia africana cujo princípio se prende na fórmula “eu sou porque nós somos”.

No plano de conjugação de gerações, Paulina Chiziane concebe o Concerto UBUNTU “como pretexto de convocar o outro a pensar a sua interioridade, o Éthos, esse espaço de permanência e o ‘lugar-comum’ que nos torna Nós, porque o Outro é uma existência que participa do nosso Eu (humanidade, solidariedade, reconciliação, respeito pela religiosidade, individualidade e ancestralidade)”, lê-se no comunicado de imprensa que chegou à nossa redação. 

O concerto “Msaho”, uma Ópera Africana Multidisciplinar, que se fundamenta no UBUNTU, que junta diversas manifestações culturais e artísticas, terá lugar na sexta-feira, dia 10 de Março de 2023, às 19h, no Centro Cultural da Universidade Eduardo Mondlane.  

Recentemente, Chiziane viu ser-lhe atribuído o título de Doutor Honoris, pela Universidade Pedagogica, em reconhecimento, valorização e premiação das atividades de pesquisa, produção e publicação literária, cultural e antropológica que a escritora vem desenvolvendo, além das realizações visando o desenvolvimento académico e de cidadania em Moçambique e no mundo.