Deltino Guerreiro acaba de lançar novo álbum. Com oito músicas, o projeto conta com as participações de Assa Matusse e de Azagaia.
Rokotxi é uma planta medicinal, bastante usada em Montepuez, Cabo Delgado (Moçambique), para curar várias doenças e feridas. Se por um lado, os mais velhos usam o Rokotxi como remédio tradicional, por outro, os mais novos transformam a planta em bola de futebol ou iscas para caçar pássaros.
Quem sabe, garante que a planta cura tudo, desde dores físicas às dores da alma, e foi exatamente nesse poder que o músico Deltino Guerreiro inspirou-se para dar vida ao seu segundo álbum. Rokotxi passou assim a ser obra de arte também, para “oferecer uma cura” sonora à humanidade.
Rokotxi já estreou-se nas plataformas digitais, com destaque para a Modigi. “Decidi intitular o álbum de Rokotxi e migrar para as plataformas digitais porque o álbum simboliza a resiliência cultural. Numa altura em que vivemos a alienação cultural, Rokotxi como planta dá-nos uma lição particular, no meio de queimadas descontroladas. É a única planta que, mesmo a murchar, ou a enfraquecer, não se deixa morrer. Muitas plantas não resistem e morrem, mas esta não. Com o tempo, ela volta a erguer-se”, explicou Deltino.
A resiliência é a palavra chave do projeto. “Esta é a mensagem que quero espalhar pelo mundo, que a nossa cultura é o Rokotxi. Ela não se deve deixar alienar nem desvalorizar. É poderosa e resistente, como os nossos artistas e a sociedade em geral deve ser”.
Em Moçambique, pandemia da COVID-19 trouxe uma nova dinâmica de fazer e consumir cultura e esse nome é digital. As plataformas digitais permitem atingir um público mais abrangente e internacional. Apesar dos níveis de analfabetismo de Moçambique, baixa literacia tecnológica, o facto de África ser um dos continentes com o maior uso de smartphones e a moeda electrónica ser commumente usada, contribuíram para a decisão de Deltino Guerreiro apostar na distribuição electrónica da sua música e uma estratégia para a internacionalização e sustentabilidade da mesma.
Além de músico, Deltino é um ativista cultural e social preocupado com o atual estágio da indústria cultural nacional. Nos seus projetos, defende maior dinamização da produção da música tradicional; redução de influências estrangeiras; documentação da música; uso de dispositivos legais para a promoção nacional; melhoria do estatuto do artista e a imposição da comunicação social para tocar no mínimo 75% das músicas feita em Moçambique ou com influências moçambicanas.
