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Sidney Cerqueira, o artista guineense que cruza a arte com questões sociais

Sidney Cerqueira | Foto: Arquivo pessoal do artista
Sidney Cerqueira | Foto: Arquivo pessoal do artista

Sidney Cerqueira nasceu em Portugal, mas é na Guiné que se inspira a fazer arte plástica. Filho de pais guineenses, cresceu em Bissau, país que deixou aos 20 anos para se formar em Portugal, escolhendo a Licenciatura em Cultura e Língua Portuguesa, na Universidade de Lisboa.

A pintura entrou na sua vida de forma mais profissional ainda durante a licenciatura, em 2004, através da sua ex-companheira que conseguiu o formulário de inscrição do curso de Desenho Técnico e Pintura, pois conhecia o seu gosto pelo desenho, e o amor que tem pelas artes. Quando surgiu a oportunidade decidiu seguir o sonho e afirma que o gosto pelo desenho é algo que sempre teve, desde criança, por ter crescido numa família de artistas.

Desde essa data, Sidney Cerqueira nunca mais abandonou a pintura e acabou por desistir da sua formação em Cultura e Língua Portuguesa. As telas de Sidney Cerqueira são caracterizadas pela combinação de cores vivas e movimento. Para a escolha dessas cores, afirma que se inspira no seu país, a Guiné-Bissau, e também no continente africano. Já os movimentos são da dança, por gostar desde sempre de dançar. “Cresci num país com muita dança, muito ritmo e tenho fascínio pela dança”, declara.

As telas do artista plástico retratam as questões sociais, como a violência doméstica, abuso de menores ou crianças desfavorecidas. “O artista tem de refletir sobre os assuntos do seu tempo, e os temas sociais são mensagens que quero passar, são mudanças que gostaria de ver, são coisas que me incomodam e daí juntar também a minha voz às várias vozes que fazem esse trabalho”, diz o artista.

Atualmente, Sidney Cerqueira utiliza a técnica Realismo Espontâneo nas suas obras, algo que diz que “surgiu naturalmente, após estudar e testar várias outras técnicas” e porque adora “faces abstratas”. Com o tempo, percebeu que tinha de diversificar para alcançar novos públicos. “A arte é um mundo tão vasto que ficarmos só com uma linha igual é uma espécie de desperdício. Se tenho capacidade de fazer mais, porque não o fazer”. Essa vontade de diversidade levou-o a trabalhar com materiais como a aguarela, sobre tela e madeira. 

Apesar do amor que tem pela pintura, o artista plástico reconhece que cada tipo de arte também tem as suas dificuldades e destaca que a maior dificuldade é nunca saber quando vai vender uma obra. É sempre uma incógnita. Ter as obras expostas em determinadas galerias também não é fácil pois, atualmente, o que vende mais é o nome do artista e não a obra. Sidney Cerqueira diz que sente essa dificuldade em Bissau. “Há muitos artistas, mas não há uma loja que vende os materiais necessários para pintar um quadro, como pincéis ou telas, os artistas arranjam formas alternativas de produzirem as suas obras”. 

Sidney Cerqueira tem uma vertente social com a sua obra e, em 2010, em conjunto com a mulher, a cantora e jornalista Karyna Gomes, criou o projeto “Cores da Presença”, que consiste em montar ateliês de pintura para as crianças expressarem-se livremente e expõe coletivamente com elas. As obras são posteriormente trocadas por materiais didáticos ou bens de primeira necessidade e depois entregues às instituições de acolhimento de crianças desfavorecidas. O projeto já foi implementado na Guiné-Bissau, Cabo-Verde, Senegal, Brasil, São Tomé e Príncipe e Portugal. 

No dia 16 de fevereiro, Sidney Cerqueira irá celebrar 20 anos de carreira, com a exposição conjunta com a esposa na Galeria NinoIarte (antiga Galeria Artistas de Angola), em Lisboa. A ideia de trabalharem juntos surgiu como forma de passarem mais tempo juntos, como casal, já que viajam muito devido às suas profissões, e porque Karyna Gomes também pintava antes de o conhecer. Juntos, elaboraram um conjunto de pinturas, a “SK, Fine Art”, e estão também a efetuar uma nova técnica.

Sidney conta com mais de 100 exposições individuais e coletivas entre as quais se destacam “Dak’art 2014 e 2022”, no Senegal, Galeria do Teatro Municipal da Guarda em Portugal, “LuxExpo 2014”, em Luxemburgo, Câmara Legislativa do Distrito Federal em Brasília, Brasil, “Vera World Fine Art Festival” em Lisboa, Thermes Marins, Mónaco, Liquid Art House, Boston, EUA, “Contrada Granda”, na cidade de Conegliano, Itália, Parlamento Europeu, Bruxelas, Bélgica, Hotel Tiama, Abidjan, Costa do Marfim, Art Garden, Macau, China, Centro Cultural Malaposta, Lisboa, Museu de Resende, Resende. 

As obras do artista plástico só podem ser adquiridas através das suas plataformas digitais como o Facebook ou o Instagram.

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