Jornalista há mais de 16 anos, Paula Cardoso começou a esboçar em setembro do ano passado o Afrolink. A plataforma não é um meio de comunicação no sentido literal da palavra, mas dá-nos a conhecer, através de alguns textos informativos, o outro lado da realidade dos afro-descendentes em Portugal.
O principal objetivo do projeto é quebrar “a narrativa de que todos os negros trabalham na construção civil, na restauração e nas limpezas”. À semelhança do que está a acontecer em alguns países, sobretudo nos Estados Unidos, Paula Cardoso pretende criar “uma economia negra no mercado português”, mas faz questão de ressalvar que a sua iniciativa em nada tem a ver com o manifesto Black Lives Matter. “É pura coincidência”, afirma, reforçando que o seu trabalho já vem de trás.
Numa primeira fase, a actividade do Afrolink baseia-se sobretudo na promoção de projetos e iniciativas empresariais detidas por africanos e/ou afrodescendentes, no sentido de captar potenciais consumidores e parceiros dentro e fora da comunidade.
Engenheiros, arquitetos, juristas e psicólogos, são alguns dos perfis que podemos encontrar no Afrolink e que nos dão um olhar sobre uma realidade, muitas vezes, invisível em Portugal. É, acima de tudo, quebrar preconceitos e desmistificar uma minoria que, muitas vezes, só é reconhecida pela negativa.
A criadora do projeto acredita que a criação de um espaço de partilha de histórias pode contribuir para uma mudança no sentido positivo, dentro e fora da comunidade. “Imaginei que fossemos muitos, mas confesso que nem nos meus sonhos pensei que fossemos tantos”, afirmou em declarações à imprensa, acrescentando que “este olhar para quem somos, e para o que fazemos, permite-nos apoiar os projetos uns dos outros, trocar contactos, estabelecer parcerias”.
“Primeiro temos de nos conhecer, para depois nos darmos a conhecer”, é o mote da plataforma que reúne perfis de africanos e afrodescendentes, divulga eventos afrocentrados e nos dá a conhecer acontecimentos relacionados com a História de África e a sua diáspora. “A produção de conteúdos também inclui livros e outros veículos de conhecimento, recomendados por africanos”, reitera a jornalista assumindo o compromisso de criar novas referências e resgatar a herança negra.
Revê a entrevista que a Jornalista concedeu à BANTUMEN, através do link abaixo.
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