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Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala levam Amílcar Cabral à Bienal de Veneza

Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala | Foto António Pedro Santos
Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala | Foto António Pedro Santos

Com a assinatura de Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala, a manifestação estética “Jardim Crioulo” do projeto “Greenhouse” foi escolhida para representar Portugal na 60.ª Bienal de Arte de Veneza, Itália, a partir de abril, e vai recriar as plantações “cultivadas por pessoas escravizadas como atos de resistência e fontes de alimentação”.

O projeto das curadoras e artistas Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala será instalado no Palazzo Franchetti, o pavilhão de Portugal em Veneza, um jardim que vai lembrar Amílcar Cabral, fundador e líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, que este ano completaria o 100.º aniversário.

De acordo com Mónica de Miranda, numa conferência de imprensa esta segunda-feira em Lisboa, o projeto da bienal quer refletir os 50 anos do 25 de Abril e início das independências, e trazer também o pensamento de Amílcar Cabral e de outros pensadores africanos, que foram fundamentais para derrotar o regime colonial e que implementaram estratégias importantes de libertação. “Um jardim pontuado por instalações, que também carregam jardins, esculturas que são palcos, esculturas móveis que se transmutam para o espaço, que recebem coreografias e onde vão acontecer escolas, que tentam replicar as assembleias de Amílcar Cabral, educação militante, que aconteciam em florestas”, disse.

No “Jardim Descolonial” serão também instaladas escutas de rádio, para a qual contribuíram “vários pensadores”, e o projeto “abre-se para mais artistas e outros curadores refletirem”.

Segundo as curadoras, a parte central do “Jardim Crioulo” da “Greenhouse” acolherá um vasto programa de “ações interdisciplinares e transformadoras” e será composto por plantas provenientes da botânica tropical, cultivadas segundo os princípios da permacultura e da agricultura sintrópica, caracterizada pela organização, integração, equilíbrio e preservação de energia no ambiente.

Durante a conferência de imprensa, o ministro da Cultura português, Pedro Adão e Silva, salientou a importância de “Greenhouse” ser o projeto que representa oficialmente Portugal na Bienal de Arte de Veneza neste ano em particular.

Pedro Adão e Silva destacou ainda, em relação ao projeto, que “o conceito muito estimulante de Jardim Crioulo, de certa forma, é um modo de questionar o estrangeiro em toda a parte”.

“Um jardim é um espaço que temos de cuidar, e o crioulo, como qualificativo, é uma língua franca, de partilha, de entendimento e, por isso, de formação de comunidade”, afirma.

Para Vânia Gala, o objetivo das questões levantadas no projeto “Jardim Crioulo” é para pensarmos juntos, pensar num futuro alternativo e o jardim torna-se um espaço de criação contínua entre os artistas e as comunidades da diáspora “estrangeiros em todos os lugares”.

O Jardim será transformado numa escola com um programa criativo de workshops e investigação. As Escolas, com curadoria da historiadora militante Sónia Vaz Borges, propõem um Programa-Ação para criar uma escola revolucionária para o presente e o futuro. Com base na sua extensa investigação sobre as escolas revolucionárias dos movimentos de libertação e do internacionalismo.

As três curadoras, artistas e investigadoras, constroem, com este projeto, “uma reflexão ecológica, histórica e coletiva, que o jardim traz em si”.

Cofundadora do Hangar (Centro de Investigação Artística), em Lisboa, Mónica de Miranda foi homenageada em 2022 como uma das 100 Personalidades Negras Mais influentes da PowerList, pela BANTUMEN, nomeada em 2019 para o Prémio EDP Novos Artistas e, em 2014, para o Prémio Novo Banco de Fotografia, e tem a sua obra representada em várias coleções, tanto públicas como privadas, entre as quais a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, a Nesr Art Foundation e o Arquivo Municipal de Lisboa.

Sónia Vaz Borges apresenta-se como uma “historiadora interdisciplinar”, cuja carreira se desenvolveu em universidades públicas de Lisboa, Berlim e Nova Iorque.

Com um doutoramento em Ciências da Educação – História da Educação, pela Universidade Humboldt de Berlim, onde é investigadora, Sónia Vaz Borges tem dois livros publicados: “Na Pó Di Spéra. Percursos nos Bairros da Estrada Militar, de Santa Filomena e da Encosta Nascente” e “Militant Education, Liberation Struggle, and Consciousness. The PAIGC Education in Guinea Bissau 1963- 1978”.

Vânia Gala é uma coreógrafa e investigadora, cujos interesses “incidem sobre práticas experimentais em performance, dança e teatro com ênfase em noções de recusa, (não)performance, opacidade, pensamento-coreográfico, fugitividade, improvisações, dissenso e hospitalidade”.

Em 2005, foi distinguida com o prêmio de Melhor Performance Feminina do Dublin Fringe Festival, e os seus trabalhos já foram apresentados em países como Angola, Portugal, Noruega, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Áustria e Rússia.

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