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Ana Pi, coreógrafa de origem Bantu, fala com a BANTUMEN sobre a 60ª edição da Bienal de Veneza

A coreógrafa Ana Pi foi uma das artistas que integraram a inauguração do pavilhão da França, na 60ª edição da Bienal de Veneza, em Itália, a convite do artista Julien Creuzet. Encontrámos-nos com a artista durante a inauguração do pavilhão Hãhãwpuá, em representação oficial do Brasil, país onde nasceu.

Hãhãwpuá é o nome usado pelo povo indígena brasileiro Pataxó para se referir à terra, ao solo ou, mais precisamente, ao território que depois da colonização ficou conhecido como Brasil, mas que já teve e ainda tem muitos outros nomes. Dentro de todos esses “brasis”, o Brasil como terra indígena é o foco do pavilhão do país na Bienal de Artes de Veneza 2024.

Ana Pi, coreógrafa e artista visual, é Brasileira, descendente de origem Bantu (Kongo-Angola), e vive atualmente em França. Para ela, esta edição da Bienal, cujo tema é Estrangeiros Por Toda a Parte, transmite a mensagem de que podemos ir e ficar onde quisermos, numa movimentação livre, colaborativa e pacífica. “A minha experiência que tem a ver com perseverança, resistência ancestral de muitos povos que estão alinhados com as forças da natureza e que defendem a vida no seu estado de dignidade pura, de ética de relacionamento. A minha relação com esta bienal, além de ser brasileira e artista, colaboro com o artista franco-caribenho Julien Creuzet, que este ano representa a França, num pavilhão que homenageia as águas salgadas, que nos fazem ser diaspóricos e diaspóricas, africanos e africanas, pelo mundo, e estou aqui enquanto coreógrafa e a viver esta experiência de forma festiva, alegre, de forma a desejar muitas surpresas para a nossa imaginação. Que a gente imagine radicalmente muita beleza para a continuidade da vida na Terra. [Sobretudo] Neste momento em que a Terra está a aquecer, nós precisamos aquecê-la mas a partir do coração, da Muxima.”

O pavilhão da França, que este ano carrega o título “Attila cataracte ta source aux pieds des pitons verts finira dans la grande mer gouffre bleu nous nous noyâmes dans les larmes marées de la lune” (Catarata de Átila sua fonte ao pé dos picos verdes terminará no grande abismo azul do mar que nos afogamos nas marés da lua), tem pela primeira vez um artista afro-descendente a representar o país numa Bienal de Veneza.

Ao longo do seu percurso, Ana Pi desenvolve uma pesquisa sobre danças afro-diaspóricas e urbanas, trabalha como dançarina improvisadora e pedagoga, e as suas práticas são tecidas através do ato de viajar. As suas obras transdisciplinares situam-se particularmente entre as noções de trânsito, deslocação, pertença, sobreposição, memória, cores e gestos comuns. As suas danças, filmes e pesquisas foram programados em espaços institucionais como o MoMA (Nova Iorque), Instituto Cisneros (Nova Iorque), Centre Pompidou (Paris), Fondation Cartier (Paris), Museo Reina Sofia (Madrid), Museu INHOTIM (Brumadinho), Festival Internacional de Cinema de Roterdão, Festival d’Automne Paris, entre outros.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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