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A Parentalidade Positiva e a comunidade africana
A Parentalidade Positiva e a comunidade africana
Numa conversa com uma amiga, ela disse-me que, no que diz respeito à parentalidade, a minha era muito pouco africana. Falávamos de parentalidade positiva, baseada no afeto e tendo como pilar, a dignidade da criança. Concordei rapidamente, mas este pensamento ficou a marinar-me no cérebro, levando-me a questionar:  A educação africana é, efetivamente, menos respeitosa e digna para com a criança?   A educação que defendo e tento dar é uma educação consciente, sem palmadas, gritos e castigos. Uma educação através do exemplo, ou seja, ao invés de tentar instruir o meu filho, educo-me a mim, para que ele possa imitar o meu exemplo. Fiquei triste com a ideia de que estaria a dar uma educação divergente da minha cultura ancestral ou familiar, quando percebi que não era o caso. Sim, é verdade que a cultura africana promove uma maior rigidez nas interações entre gerações e hierarquia familiar, tendo em conta a idade, o famoso respeito pelos mais velhos, do qual, aparentemente, afastei-me. Mas já lá vamos. Esta educação pretende dar à criança a mesma dignidade e respeito que damos a um adulto, ou seja, se eu não bato ou grito com um amigo que parta um copo, ou faça um qualquer disparate também não o farei com o meu filho, sendo certo que uma criança deveria ter direito a uma maior cota de disparates devido à sua falta de maturidade. No entanto, estas novas vertentes defendem também, e é aqui, que a comunidade africana entra e brilha, conferir autonomia às crianças, confiar nelas quando estas se sentem capazes, na sua capacidade de tomada de decisões. Acreditar na sua capacidade de se entreter, entediar, crescer e usar a sua criatividade.  Lembram-se de quando os adultos conversavam e nós interrompíamos e rapidamente levávamos com um: “Conversa de adulto não é conversa de criança!”  E nós, sem nada para fazer, e de repente levávamos com aquele olhar que dizia: “podes acabar de repente a ir limpar a casa de banho que o tédio te abandona o corpo bem rápido” e, como por magia, surgia-nos uma qualquer brincadeira super divertida? Isso. Este é um exemplo da confiança que a nossa comunidade sempre teve de que as crianças são capazes! Capazes de fazer tarefas domésticas que a sua idade permita. Capazes de se entreter e capazes de perceber que os adultos existem para além da parentalidade. Assim como os nossos filhos não existem para se portarem bem e deixarem-nos orgulhosos. Eles vivem além de nós e do nosso ego! Eles vivem a sua própria vida e nem tudo o que fazem de errado é para nos irritar e/ou provocar. Eles existem para além de serem nossos filhos, e estão a experimentar o mundo, na tentativa erro e, se tivermos coragem, irão errar imenso.  Voltemos ao respeito pelos mais velhos. Não vou mentir, não é fácil e a pressão é grande! Até me arrepio com as ousadias da nova geração para com os mais velhos.  “Tipo não têm medo de morrer”, costumo brincar. Mas a ideia é mesmo essa. Eu quero que o meu filho tenha respeito por mim e pelos outros, mas não pretendo alcançá-lo a todo o custo, nem que ele o faça no futuro. Quando a coisa fica mesmo tensa, repito o meu mantra: “Não quero uma criança bem-educada, quero um adulto bem formado!” E um adulto bem formado, não pode achar que a violência é a saída.  Concluindo, estas novas correntes de pensamento, no que diz respeito à educação, são relativamente novas em Portugal e até há pouco tempo ninguém discutia se uma palmada dada a um filho poderia ser considerada violência doméstica. O que eu acho é que, se pegarmos na nossa sociedade intercultural e nas diversas formas de educar, o nosso potencial para sermos melhores educadores é enorme. Acredito acima de tudo, que pais felizes criam filhos felizes. E no que diz respeito à felicidade, bom, pelo menos nisso temos boa fama.  Relembramos-te que a BANTUMEN disponibiliza todo o tipo de conteúdos multimédia, através de várias plataformas online. Podes ouvir os nossos podcasts através do Soundcloud, Itunes ou Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis através do nosso canal de YouTube. Podes sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN através do email [email protected]. #mc_embed_signup{background:#fff; clear:left; font:14px Helvetica,Arial,sans-serif; width:100%;} /* Add your own Mailchimp form style overrides in your site stylesheet or in this style block. We recommend moving this block and the preceding CSS link to the HEAD of your HTML file. */ Subscreve a nossa newsletter e fica a par de tudo em primeira mão!

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