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Feminismo não é um jogo de Street Fighter meninos contra meninas

Arte de Jassira Andrade | ©BANTUMEN
Arte de Jassira Andrade | ©BANTUMEN
Arte ©Jassira Andrade

Vamos lá falar de preconceito, mais especificamente de machismo. Já chateia a conversa do movimento feminista, não já? Já. Vamos deixar de tê-la? Não. Porquê? Porque é demasiado importante.
Vamos lá ver, porque isto já me enerva.

Primeiramente, porque alguém vai confundir o termo feminismo como algo que se assemelha ao modelo machista, mas ao contrário. Ou seja, um modelo em que a mulher está numa posição de favoritismo em relação ao homem. Não é isto gente, o nome vem em oposição ao machismo não em oposição ao homem. Acham que o nome leva a mal-entendidos e devia ter sido escolhido outro nome? Legítimo, mas foi o nome escolhido. É perceber o que ele representa e não ao que nos soa nos ouvidinhos. Eu também não gosto de ter a combinação de dois nomes próprios que fazem corar qualquer Rute Marlene desta vida e aprendi a viver com isso. Força, vocês também vão conseguir. 

Segundo, porque alguém vai perguntar 2conheces alguma mulher que queira trabalhar nas obras?”. Qual é mesmo o propósito desta pergunta? Ah, sim, provar que há coisas que os homens terão mais facilidade em executar por questões biológicas do que uma mulher mas, outra vez, isto não é um jogo de Street Fighter meninos contra meninas.

Sim, existem diferenças biológicas entre homens e mulheres. Se essas diferenças poderão de alguma forma influenciar em um restrito número de empregos? Acredito que sim. Se me incomoda que o exemplo dado seja sempre o acima referido, de um emprego que supostamente uma mulher não conseguiria exercer por ser mulher e nunca um exemplo de uma profissão que um homem tivesse dificuldade em executar pela simples razão de ser homem? Ligeiramente.

Se este fastio que é ter que esmiuçar estas questões over and over again é o suficiente para deixar de ter esta discussão? Não. Porquê? Porque sonho com o momento em que (e olhem que não estou a ser ambiciosa) percebemos todos que, embora possamos ter diferenças biológicas, devemos todos ter direitos iguais.

Percebamos também que todos temos, de vez em quando, ideais ou acções machistas, porque fomos todos criados neste modelo desde que a Eva fez o Adão comer a porcaria da maçã. – Foda-se uma maçã! Não nos podíamos ter desgraçado antes por uma manguinha ou papaia? Sempre era mais docinho e exótico. Ninguém se desgraça por uma maçã, mas adiante. – E que devemos ter atenção aos nossos pensamentos e acções para deixarmos de o ser e criarmos a próxima geração de forma mais consciente.

Este modelo irá beneficiar todos, e não só a mulher. Que venham daí mais mulheres nas obras ou CEOs de empresas sem serem apelidadas de machonas e/ou lésbicas ou homens educadores de infância ou professores primários sem serem apelidados de gays e/ou pedófilos (dica para os distraídos: apelidar alguém de lésbica ou gay não deverá ser um insulto pelo que não o é sê-lo). Que venham daí licenças de paternidade mais prolongadas e menos preconceito quando um homem falta ao trabalho para ficar com os filhos doentes. Que se deixe de usar a palavra ‘puta’ para castrar a sexualidade feminina uma vez que não existe vocábulo equivalente no masculino, mesmo que esteja-se a falar de condutas idênticas. Que venha daí a percepção de que existe desigualdade e que ninguém beneficia com ela para que possamos dar o próximo passo, que é percebermos todos qual o melhor caminho para conseguirmos aquilo que qualquer ser humano decente deve querer. Justiça. 

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