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O “Caminho de São Tomé” até Cabo Verde, na música de Kátia Semedo

Kátia Semedo / Foto: BANTUMEN
Kátia Semedo / Foto: BANTUMEN

Durante o Atlantic Music Expo (AME), que teve lugar em vários palcos da cidade da Praia, em Cabo Verde, entre o dia 1 a 4 de abril, tivemos a oportunidade de ouvir vários artistas de diferentes pontos geográficos, uns emergentes e outros já bem conhecidos do povo cabo-verdiano.

Destes artistas, conversamos com Kátia Semedo, santomense e, do lado paterno, descendente de cabo-verdianos. Tem 28 anos e cedo conheceu a paixão pela música. A artista atuou no Palácio Nacional da Cultura Ildo Lobo, um palco que conhece bem. Vive em Cabo Verde desde 2014, país onde se formou em Enfermagem, mas é na música que encontra a sua medicina.

A voz de Kátia já não passa despercebida pelo povo cabo-verdiano, tem sido presença frequente nas noites musicais de uma ponta a outra da cidade da Praia, e recentemente entrou para o catálogo da Harmonia, a mesma produtora da Cesária Évora. A sublinhar que este seu cruzamento com o arquipélago já acontece desde há muito tempo, visto ter representado o país, na gala internacional de pequenos cantores, em 2005, na Praia, e participou também no concurso de vozes da diáspora em Portugal e Luxemburgo, em 2011 e 2013.

Lançou em junho do ano passado o seu primeiro trabalho discográfico, composto por oito faixas originais, da sua própria autoria. O EP Caminho de São Tomé, em cada tema, reflete as suas vivências, experiências e aprendizagens colhidas ao longo da sua trajetória entre os dois países que ocupam o seu coração, São Tomé e Cabo Verde.

Kátia Semedo / Foto: BANTUMEN

“Sempre digo que, embora não tenha fugido de São Tomé, continuo a apreciar a cultura de lá. No entanto, a cultura cabo-verdiana, especialmente a música, sempre me encantou. Desde pequena, ouvia minha avó cantar músicas de Cesária Évora, Ildo Lobo e Bana, e elas ficavam gravadas na minha mente. Foi a partir daí que o meu interesse surgiu e foi crescendo a cada dia. E foi assim que esse resultado se concretizou. O EP Caminho de São Tomé é uma expressão que reflete sobre a ligação histórica entre São Tomé e Cabo Verde. Tendo ambas as culturas dentro de mim, foi como se ao fazer o meu primeiro EP, eu estivesse a traçar esse caminho simbólico. Representa não apenas a minha história, mas também a dos meus avós, explicou-nos Kátia.

Kátia compara muito a história da sua avó com a dela própria. A matriarca saiu de São Vicente para São Tomé, na época dos contratados. Porém, Kátia teve motivações diferentes: queria materializar o seu sonho, pela música, pelo canto. “Aqui era o meu lugar, onde realizaria aquele sonho. Então, fez todo sentido chamar o meu EP de Caminho de São Tomé“, contou.

As músicas deste EP falam muito sobre a saudade, o amor e também sobre o povo, como acontece na música “Conbersu ku mar”. O seu processo criativo não é uma ciência exata. Surge conforme as suas memórias ou experiências e sentimentos atuais. O objetivo principal é deixar a espontaneidade rolar.

Embora cante principalmente em crioulo cabo-verdiano e muito pouco em crioulo são-tomense, isso faz parte de quem é. Entende o crioulo de São Tomé, já que cresceu a ouvir as pessoas mais velhas falarem. No entanto, falar crioulo de Cabo Verde é mais intuitivo para si, uma vez que lhe desde sempre lho foi transmitido pelos avós paternos.

Kátia Semedo / Foto: BANTUMEN

“A minha música é muito melódica e é possível notar influências de diferentes estilos, como Funaná, Bulawé e Puita. O título “Ka pode buliu” vem do dialeto que minha avó sempre usava. Essa música fala da força da mulher, da mãe solteira, assim como eu. E, nos próximos trabalhos, espero trazer mais elementos de São Tomé e contar com a colaboração de compositores de lá. Embora no momento não tenha sido possível, espero que os próximos trabalhos tragam novidades e um pouco mais das minhas raízes”, confessou-nos com um sorriso.

Este EP marca o início de um novo capítulo na sua vida enquanto artista e mulher, o que há anos anseia  e que finalmente se tornou realidade. Alega ser nítido o sentimento de satisfação e alegria que o momento lhe traz. Este projeto descreve, nas palavras de cada tema, a história por detrás da pessoa que hoje é, com todas as adversidades que enfrentou ao longo do seu processo de construção como pessoa e como artista.

Clica abaixo para veres e ouvires a entrevista de Kátia Semedo à BANTUMEN, horas antes da sua atuação no festival AME.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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