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Cinemas Africanos em São Paulo e Salvador em setembro

Madame Brouette (Senegal, França 2002) - crédito Les Productions La Fête Inc. #01
Madame Brouette (Senegal, França 2002) - crédito Les Productions La Fête Inc. #01

No Brasil, a Mostra de Cinemas Africanos chega a mais uma edição, desta vez com programação em São Paulo, de 5 a 13 de setembro, no Cinesesc e no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, e em Salvador, de 13 a 18 de setembro, no Glauber Rocha e Saladearte do Museu.

Este ano, o festival reúne 13 longas e 16 curtas de 12 países, com destaque para o cinema do Senegal e vários títulos inéditos no Brasil, além da presença de convidados do continente africano em debates, masterclasses e painéis. Em São Paulo, o Cinesesc sedia as exibições de filmes, enquanto no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc acontecem três mesas e uma masterclass com a participação de cineastas africanos. As informações sobre os ingressos podem ser consultadas aqui.

Entre as atrações deste ano está o drama fantástico MAMI WATA (2023), de C.J. Obasi, inédito no Brasil. O longa nigeriano em preto e branco ganhou o prémio de Melhor Direção de Fotografia, assinada pela brasileira Lílis Soares, no Festival de Sundance (EUA). A trama é baseada em um mito do oeste africano. Quando um acontecimento trágico perturba a paz de uma comunidade, duas irmãs lutam para salvar a sua aldeia e restaurar a glória de Mami Wata, deusa das águas. Diretor e fotógrafa estarão em São Paulo para a Mostra.

Outro ponto alto desta edição é o encontro de duas gerações de grandes realizadores do Senegal: o jovem Alassane Diago e o veterano Moussa Sène Absa, que vem ao festival com o apoio da Embaixada da França no Brasil. Serão exibidas retrospectivas do trabalho de ambos. Três filmes sobre emigração e conflitos familiares do documentarista Alassane Diago serão projetados. É dele, As Lágrimas da Emigração (2010), que conta a história da sua mãe que espera o marido há 20 anos. Quase dez anos depois, Diago decide ir ao Gabão para confrontar o pai, no longa Conhecendo meu Pai (2018). Também será apresentado o seu trabalho mais recente, O Rio não é uma Fronteira (2022), no qual testemunhas relembram os massacres de 1989 na fronteira entre a Mauritânia e o Senegal. Todos os títulos são inéditos no Brasil. 

A Mostra vai exibir a trilogia das mulheres senegalesas de Moussa Sène Absa, que começa com o drama Tableau Ferraille (1997), sobre duas mulheres que se relacionam com um político em ascensão que deseja filhos. Segue com Madame Brouette (2002), no qual uma senegalesa luta para manter a sua independência. Xalé – As Feridas da Infância (2022), que fala sobre relações familiares e tradição, encerra o trio. 

Há ainda do Benin O Panteão da Alegria (2023), musical protagonizado por crianças e dirigido por Jean Odoutan. O filme discute de forma bem-humorada o sonho de viver na Europa que continua a crescer entre os jovens africanos. Único representante do Norte da África desta edição, O Kafta Azul (2022), da diretora Maryam Touzani, lança um olhar generoso para as mulheres de Marrocos. O filme lida com questões LGBTQIAPN+ em um país que se recusa a tocar no assunto.

Primeiro longa de Pape Bouname LopyA Ovelha de Sada (2023), trata de um tema delicado no Senegal, o Tabaski, celebração religiosa do Islã que envolve o sacrifício de ovelhas. Em “No Cemitério do Cinema” (2023), o cineasta da Guiné ConacryThierno Souleymane Diallo, sai em busca de um filme perdido, que teria sido realizado no seu país em 1953, mas do qual ninguém tem registros. No drama feminista Sira (2023), de Apolline Traoré, uma jovem nómade posiciona-se contra o terror islâmico após um ataque brutal na região do Sahel.

A curadoria de longas é assinada por Ana Camila Esteves e pelo cineasta e crítico nigeriano Dika Ofoma. “A nossa seleção deste ano nos deu a oportunidade de pensar em outros critérios que não levassem em conta somente as seleções dos grandes festivais”, observa Ana Camila. “Neste sentido, ficamos felizes de manter a nossa linha curatorial que privilegia títulos que muitas vezes não chegam no Brasil nem nos festivais do final do ano, muito menos nos circuitos comerciais”, conclui.

Três programas formam a seleção de curtas-metragens. O primeiro, em parceria com o Festival StLouis DOCS, traz documentários do evento sediado na ilha de Saint-Louis no Senegal. Já Nova Onda Cabo Verde: Viagens Possíveis, terá sessão apresentada por Tela D’Pano Terra e tem curadoria do cineasta português Pedro-José Marcelino. A última, Sessão de curtas: Durban International Film Festival (África do Sul), vem com uma seleção de filmes dirigidos por jovens sul-africanos, em parceria com o maior festival de cinema do país. A programação inclui ainda dois curtas da distribuidora senegalesa WawKumba Films que serão exibidos antes dos longas do país.

Com realização do Sesc e apoio da Embaixada da França no Brasil, a mostra traz este ano três convidados internacionais. Os cineastas africanosAlassane Diago e Moussa Sène Absa do Senegal, e C.J. ‘Fiery’ Obasi, da Nigéria. O festival também vai receber Sakhile Gumede, curador do Durban International Film Festival (África do Sul) que vem acompanhado de jovens estudantes cineastas, além das realizadoras brasileiras Ariadine ZampauloLílis Soares, para participarem dos debates, masterclasses e painéis. A programação é inteiramente gratuita e conta com a parceria do Projeto Paradiso Multiplica.

Nascida na Bahia em 2018, a Mostra de Cinemas Africanos tem circulado por diversos estados brasileiros. O recorte curatorial é voltado para filmes de curta e longa-metragem contemporâneos realizados por pessoas africanas em África e na diáspora. Além da programação de filmes, o evento traz cursos, encontros, debates e a publicação de catálogo com artigos científicos, ensaios e entrevistas, disponíveis no site oficial do festival. Com 13 edições, a Mostra já exibiu mais de 180 filmes e projetou títulos de cerca de 30 países africanos. O evento também é responsável pelo lançamento de seis publicações.

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