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Denise Luís desafia o status quo masculino nas artes plásticas em Angola

Denise Luís | DR
Denise Luís | DR

Na arte de misturar tintas sobre tela, ao associar o seu visual às suas obras, a artista angolana de 25 anos, Denise Luís, encontra formas de se expressar enquanto pessoa e artista. Tornou-se numa das poucas artistas plásticas destacadas em Angola, conquistando os prémios de “Artista Plástica do Ano” nos Prémios Nova Geração, e o ENSA ARTE, na categoria “Juventude e Pintura”, em 2022.

Após verificar a escassez de artistas plásticas nos eventos de artes realizados no país, especialmente em Luanda, a BANTUMEN procurou a jovem talentosa de 25 anos, formada em Direito. Como uma das poucas artistas plásticas que desafia o domínio masculino na arte angolana, consegue criar contornos únicos através de cores quentes e frias, inspirando-se em tudo o que a rodeia, desde livros lidos, filmes vistos, músicas ouvidas, conversas tidas, notícias lidas/ouvidas e assistidas, e emoções raramente expressas. Utiliza a sua voz silenciosa enquanto artista para abordar questões que a inquietam, desde género, sociais até identidade cultural, apresentando não só obras de arte visualmente apelativas mas também educativas.

Desde os quatro anos, mostrou fascínio pela arte, mas interrompeu esta paixão aos dez anos por imposição do pai, que considerava que a arte a distraía dos estudos, apesar da sua excelência académica. Retomou a arte mais tarde, utilizando as redes sociais para mostrar os seus desenhos. Descobriu, através da televisão, que em Angola era possível viver da arte plástica, algo que considerava impossível. A sua primeira participação numa exposição deu-se em 2017, após contactar Guilherme Mampuya via Facebook, que ficou encantado com os seus trabalhos. Agora, acumula cerca de sete anos de carreira profissional e três dedicados exclusivamente à arte.

Ao iniciar na arte plástica, não teve muitas referências femininas no país, inspirando-se apenas em Fineza Teta, a quem considera “o auge feminino nas artes plásticas no país”. Atualmente, nota-se um aumento, ainda que lento, no número de mulheres nesta área, embora não sejam muitas, há mais do que há cinco anos atrás.

Denise aponta a disparidade de oportunidades como um desafio, percebendo que frequentemente são as mulheres que precisam apoiar-se mutuamente para avançar. Vê a arte como uma forma subtil de lutar contra a ignorância e promover a igualdade.

Descreve o cenário das artes plásticas em Angola como desafiador, citando a dificuldade de alcançar reconhecimento internacional num país onde as galerias impõem limitações severas aos artistas locais. Lamenta a falta de políticas públicas voltadas para as artes, o que agrava a situação, limitando as oportunidades para artistas talentosos.

Denise encoraja os artistas a serem audaciosos e explorarem mercados artísticos além das fronteiras angolanas, apesar das desilusões que isso possa acarretar. Nota um aumento na valorização dos artistas em Angola, mas enfatiza a dificuldade em encontrar materiais de qualidade e a falta de união entre os artistas como obstáculos significativos.

O seu objetivo é tornar-se uma referência no cenário artístico mundial e fundar uma galeria que promova a identidade cultural angolana e africana, além de empoderar jovens artistas. A nível pessoal, aspira a dominar vários idiomas, enriquecendo ainda mais a sua jornada artística e cultural.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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