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Israel Campos edita o seu primeiro romance, “E o Céu Mudou de Cor”  

Israel Campos | Fotografia de "Foreign Correspondents' Programme", This Is Finland
Israel Campos | Fotografia de "Foreign Correspondents' Programme", This Is Finland

Israel Campos – promissor jornalista angolano, eleito uma das 100 Personalidades Negras Mais Influentes da Lusofonia em 2021, convida-nos a conhecer uma das suas valências, a de escritor. A sua primeira obra, E o Céu Mudou de Cor, editado sob a chancela da Kacimbo, de Ondjaki e a ser apresentada no dia 16 de fevereiro, oferece-nos um Israel tradutor de pássaros e de amores menos óbvios, que versa sobre fragmentos do quotidiano luandense que o autor foi acumulando durante cerca de cinco anos em pequenas crónicas.

“É um livro que trata de várias questões, desde inquietações de ordem social, política e económica, de um certo contexto. Há quem diga que ali a realidade descrita é a angolana, eu não sei. Compete aos leitores evocar se sim ou se não”, explica o autor.

E o Céu Mudou de Cor é sobretudo a perspetiva de um adolescente sobre a sua própria experiência social e daqueles que o circundam, sobre situações quotidianas como de outras questões mais complexas. Há inclusive a tradução da “linguagem passaral”, que parte de um ditado em umbundu, que indica que, através dos sonhos, os pássaros trazem-nos mensagens, recados. “Explorei bastante o mundo dos pássaros, o mundo dos voos, das mensagens, das cartas. É um romance e há também as relações de afetividade, não necessariamente naquele formato mais convencional que nós conhecemos. É o amor explorado de várias maneiras, da tia para o sobrinho, entre primos, entre amigos… São outras nuances de amor que nos vão acontecendo e que no dia a dia são subestimadas.”

A narrativa desta obra puxa pela observação da complexidade e das diferentes perspectivas consoante a pessoa que a lê. “Até eu próprio tenho dificuldade em fazer um resumo, porque são várias questões e cada leitura traz um olhar diferente”, assume Israel.

Há referências ainda a temas de impacto na sociedade angolana, como o célebre caso dos 15+2 – grupo de ativistas presos em Luanda, em 2015, ainda durante o governo de José Eduardo dos Santos, quando discutiam um livro sobre métodos pacíficos de protesto -, a morte do médico Sílvio Dala pela mão das autoridades, durante a pandemia de covid19, entre outros assuntos.

Israel disse à BANTUMEN que a vontade de escrever sempre esteve presente. “A primeira história que escrevi foi ainda miúdo e foi isso que me fez ir parar à rádio. Eu vou parar à rádio aos 13 anos porque escrevi uma história infantil intitulada A Separação dos Pais da Ana, com o propósito de a promover e angariar apoio para a publicar, o que nunca chegou a efetivar-se. “A ‘brincar’ acabei por ficar na rádio. Então, sempre escrevi porque sempre acreditei no poder das histórias e acredito bastante no poder que essas histórias têm de mudar a vida de outras pessoas ou influenciar de alguma maneira.”

Alexandra Simeão é a personalidade que redigiu o prefácio deste E o Céu Mudou de Cor. Licenciada em Estudos Artísticos, vice-ministra da Educação para a Acção Social e secretária de Estado para as Relações Internacionais, entre 1997 e 2008, Simeão é também autora e uma voz ativa nas questões sociais prementes em Angola. “É uma mulher angolana que admiro bastante. Conheci-a em 2014. Havia um concurso de cultura geral em Luanda, em que eu era o apresentador e a Alexandra foi convidada para estar lá e prestigiar o evento. Desde então, tenho acompanhado o seu trabalho, desde o programa [radiofónico] da LAC “Elas e o Mundo”, em que ela era uma das convidadas; entre várias outras coisas que ela foi fazendo e as crónicas que ela vai publicando no Novo Jornal. É uma voz que acho bastante vertical com reflexões muito oportunas sobre a realidade social, política e económica que se vive em Angola. Sobretudo a causa da Educação, que lhe é muito particular e para a qual se dedica bastante”, explicou-nos o autor.

A apresentação do livro em Portugal surge por consequência da participação de Israel no Festival Correntes d’Escritas, na Póvoa do Varzim, no dia 16. Contudo, haverá também lugar para uma apresentação em Lisboa, já marcada para o dia 22 de fevereiro na livraria Leya, e em Angola, em data ainda a definir. 

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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