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Luso segue consistente no rap de intervenção e anuncia novo álbum

Luso

Luso, nome artístico de Luís Carlos Mutaburi Eduardo, é dos poucos liricistas angolanos que continua consitente no rap de intervenção social. No final de 2023, lançou a música “Ngongo”, – expressão do Kimbundu que em português significa sofrimento. Recentemente, anunciou o lançamento para breve do seu álbum, Underground Moderno.

O Underground Moderno é um álbum que tenta limpar algumas arestas, alguma visão passada de forma menos acertada por alguns veteranos do movimento, que está também a ser entendida erroneamente pelos mais novos do underground, contou Luso em entrevista à BANTUMEN. O artista adiantou também que o projeto encontra-se em fase de masterização e estará disponível nas plataformas digitais de streaming.

O percurso de Luso data do ano 2005, em Portugal. Influenciado pelo falecido irmão Victó, e pelo rapper português Xullaji com o álbum Represálias, formou a Tripla Aliança juntamente com dois amigos. Em 2008, desistiu de fazer música devido à morte do amigo Caxuxo. Voltou à música em 2017, depois de perder o irmão, e hoje soma vários projetos, como os EPs 255 quadro 82, Lusolândia, Ilusionista, de 2020, e o álbum Laço de Família (2021).

Aos 35 anos, Luso é dos poucos artistas da atualidade que se atreve a trazer uma abordagem que espelha a realidade social e política do país nas suas músicas sem medo de represálias. Questionado sobre a sua maior inspiração, Luso apontou: Angola. “Basta abrires a janela, olhas para fora e tens ao teu redor milhares de temas para retratar”, contou. Acrescentou que todos os dias que vai deitar o lixo tem de ter 300 ou 400 kwanzas no bolso para dar aos meninos de rua que aparecem no contentor à procura de alguma coisa aproveitável.

Quem ouve as suas músicas “Soldado Esquecido” e “Mortos Pela Polícia”, rapidamente consegue identificar a verticalidade da sua arte. Por medo, familiares próximos já o chamaram à razão, entretanto, Luso diz estar consciente de que futuramente poderá sofrer alguma consequência por conta da sua música, tal como já se viu impedido de cantar na televisão. “Disseram-me que a minha música não podia passar”, contou-nos. Apesar disto, não deixa de fazer a sua arte e entende que o seu objetivo é maior. “A causa é bem maior do que nos mantermos em silêncio em detrimento de qualquer tipo de represália que possa existir”. Com estas barreiras, a Internet é o escape que usa para difundir a sua música. “Há sim portas fechadas, mas a Internet faz com que essas portas vão se abrindo de forma mais apropriada”.

Questionado sobre os ganhos na música, Luso respondeu que o estilo de música que faz, intervenção Social, não dá dinheiro. “A minha música é para um público específico que pára para interpretar, que gosta realmente de ouvir e fazer uma introspeção para se tornar numa pessoa melhor”, disse-nos e explicou que as massas são movidas para coisas que dão prazer momentâneo, rápido e que dura menos tempo.

Independentemente de não ser uma música de massas, Luso entende que as pessoas que o ouvem, conseguem entender a mensagem que passa na sua música, relembrado o facto de ter sido procurado por polícias para o agradecerem depois de cantar a música “Mortos Pela Polícia”. O seu sonho está na esperança de a próxima geração não se preocupar em imigrar à procura de melhores condições de vida. “O propósito da minha música é mais esse, não tanto os lucros ou proveitos que ela pode dar a nível financeiro”.

Dos artistas que aprecia e se inspira, MCK figura na lista. “Eu colocaria no topo o MCK que é dos únicos que vejo que canta e vive intervenção social, canta para tentar mudar alguma coisa que é sistemática. As ações sociais que ele tem combinam com o que ele canta, é das minhas maiores fontes de inspiração dentro do rap e o Cool Klever”. Dos mais novos, nomes como Phedilson, Isis Hembe, Raul Muta, Toy Toy, T-Rex, G-Son, entram na lista e para os seus momentos mais poéticos, fora do rap ouve Anselmo Ralph.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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