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CR7, quando o show é de comunicação

ronaldo

Não existe falar bem ou mal de Cristiano Ronaldo, só se fala. Mas este não é um artigo para comentar sobre a genialidade do futebolista português dentro de campo mas sim para pensar (alto, como eu gosto) sobre as suas técnicas de comunicação e da sua famosa entrevista ao jornalista inglês Piers Morgan.

Eu sou fã do Cristiano Ronaldo. E é melhor esta confissão directa e simplista antes de teclar tudo o que me apetece depois de ter visto (e revisto, algumas partes) a entrevista ao jogador português. Tornei-me adolescente nos anos 2000 e na altura ainda mostrávamos aos seres formandos (eu, e toda a minha geração) que a única forma de alcançarmos algo na vida era através do trabalho duro, sofrido e repetido. Assim sendo, é com admiração que vejo alguém crescer através do seu trabalho, literalmente do seu suor e, acredito eu, através das suas lágrimas.

Ora, além da mestria dentro de campo, aquilo que Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro fez foi dar-nos a todos um baile de comunicação quando decidiu dar a entrevista. E porquê?

Porque escolheu o timing certo:

A semanas do Mundial de futebol, Ronaldo tirou durante uns dias o foco da maior competição do mundo, reorientando-o para si.

Porque foi ele que conduziu a narrativa:

Com um media training irrepreensível, o jogador opina sobre os temas que lhe interessam sem hesitar Alterando entre aspectos mais profissionais (e necessariamente, mais técnicos) e mais emotivos, Ronaldo prende o espectador ao écran

Porque escolheu bem quem seria o seu entrevistado

Embora seja conhecido por alguma controvérsia, Piers Morgan surge sempre como o entrevistador empático e curioso e não como o ‘sacador de verdades’. Esta não é a primeira entrevista que Ronaldo dá a Piers Morgan. Em 2019, o jogador já tinha sido entrevistado pelo jornalista e já na altura o registo foi o mesmo: intimista, próximo e sempre com CR7 a dominar a narrativa.

Pela exclusividade que deu ao conteúdo

À excepção das flash interviews, Ronaldo, dá muito poucas entrevistas e, normalmente, é mais o conteúdo espontâneo que criam dele do que o contrário. Aqui, o storytelling foi criado por ele (e pela sua equipa). Pela ordem e pelo seguimento das questões percebe-se exactamente quais os temas que o jogador queria reforçar, como o exemplo da sua opinião sobre a estrutura do Manchester United

As consequências eram esperadas e foram, como todos os efeitos de comunicação, de negócio:

  • Ronaldo tornou-se no ser humano com mais seguidores no Instagram;
  • Um clube de futebol fundado no século XIX (1878, para ser mais precisa) é colocado à venda dias depois da entrevista.

Tal como em vários aspectos da sua vida, Ronaldo foi estratega na forma como ‘ofereceu’ esta entrevista aos seus fãs e àqueles que não são assim tão seus fãs. Por outro lado, é importante perceber que ser estratega na comunicação não tem problema nenhum, muito pelo contrário. Mostra que sabemos o que dizer, como dizer e onde dizer.

A entrevista dada ao controverso Piers Morgan é viciante porque não só queremos saber o que se passa na cabeça de um dos melhores do mundo, como ele vai balançando o conteúdo mais técnico – escolhas desportivas, estruturas do jogo – como o conteúdo mais próximo e mais familiar, e essa alternância de ritmo mostra que ele sabe como contar uma história.

CR7 é uma marca e foi assim, com as doses certas de razão e de emoção, que Cristiano mostrou que o seu show não é só de bola.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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